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Tarifas de Trump, inflação dos EUA e repercussão do balanço da Apple: o que move o mercado

De olho na agenda de indicadores, o Banco Central (BC) divulga, às 8h30, a relação dívida bruta/PIB de dezembro de 2024

Radar: Trump afirma que estuda tarifas à China (AFP)

Radar: Trump afirma que estuda tarifas à China (AFP)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 31 de janeiro de 2025 às 07h46.

Marcada por acontecimentos intensos, como o caso da DeepSeek e as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) e do Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), a semana termina nesta sexta-feira, 31, com as atenções voltadas ao dia em que Donald Trump promete impor tarifas ao México e ao Canadá de 25%.

Hoje, após um Produto Interno Bruto (PIB) abaixo das expectativas nos Estados Unidos, o que acrescentou um grau de incerteza em relação à economia americana, é a vez dos investidores conhecerem o Índice de Preço de Consumo Pessoal (PCE, na sigla em inglês) às 10h30.

O PCE é a métrica de inflação preferida do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) e pode dar mais sinais sobre o início do corte de juros por lá. Nesta semana, a autoridade monetária manteve as taxas de juros inalteradas entre 4,25% e 4,50%, citando que a economia segue resiliente e o mercado de trabalho sólido.

A semana também se encerra com a repercussão dos balanços da Apple (AAPL) e IBM (IBM), após resultados mistos da Microsoft (MSFT), Tesla (TSLA) e Meta (META) agitarem os mercados na quinta-feira, 30.

Tarifas ao México e ao Canadá

Trump anunciou nesta quinta-feira, 30, que, a partir de sábado, 1º, entrará em vigor uma tarifa de 25% sobre produtos importados do México e do Canadá. O republicano argumentou que o país precisa encontrar formas de aumentar sua arrecadação e indicou que sua política tarifária será um dos meios para atingir esse objetivo.

"Anunciaremos as tarifas sobre o Canadá e o México por vários motivos. O primeiro são as pessoas que vêm para o nosso país de uma forma tão horrível e em tais números", disse ele num evento de assinatura da ordem executiva na Casa Branca.

Trump não detalhou se a medida incluirá o petróleo entre os produtos taxados. Segundo ele, a decisão sobre o tema será tomada ainda nesta noite, levando em consideração fatores como preço e a relação comercial com os países vizinhos.

“Provavelmente esta noite tomaremos a decisão em relação ao petróleo, porque eles nos mandam [petróleo]. Vamos ver, depende de qual é o preço, se é adequado, se nos tratam bem (...) porque não precisamos dos produtos que eles têm. Temos todo o petróleo que precisamos, temos todas as árvores e muita madeira, temos mais do que quase todos", destacou.

O presidente também reforçou que seu governo está preparando novas tarifas contra a China, acusando o país de enviar fentanil para os Estados Unidos e prejudicar a população americana. Além disso, ameaçou impor sanções a nações que se recusam a aceitar voos de deportação de imigrantes indocumentados, afirmando que essas medidas serão aplicadas rapidamente.

Balanços

A Apple apresentou seu balanço referente ao primeiro trimestre do ano fiscal de 2025 nesta quinta-feira, 30, registrando um lucro por ação de US$ 2,40 e uma receita total de US$ 124,3 bilhões.

Os números superaram as projeções do mercado, que estimavam US$ 2,35 por ação e receita de US$ 124,1 bilhões, segundo dados da Bloomberg. O resultado positivo impulsiona as ações, que sobem 3,5% por volta das 7h20 no pré-mercado.

No entanto, o desempenho do segmento de iPhones ficou abaixo do esperado, com uma receita de US$ 69,1 bilhões, frente à previsão de US$ 71 bilhões e ligeiramente inferior aos US$ 69,7 bilhões registrados no mesmo período do ano anterior.

Já a divisão de Serviços atingiu US$ 26,3 bilhões em faturamento, alinhado às expectativas de Wall Street. As vendas na China, por outro lado, apresentaram uma queda de 11%, totalizando US$ 18,5 bilhões, abaixo dos US$ 21,5 bilhões esperados pelo mercado.

O lucro líquido da empresa no trimestre alcançou US$ 36,33 bilhões, um avanço de 7,1% em relação aos US$ 33,92 bilhões registrados no mesmo período do ano passado.

a IBM reportou um crescimento de 1% em sua receita total no balanço mais recente, enquanto sua divisão de software registrou uma expansão de 10% em relação ao mesmo período do ano anterior.

A companhia alcançou uma receita de US$ 17,55 bilhões no trimestre, com um lucro ajustado de US$ 3,92 por ação, superando as estimativas dos analistas.

A divisão de software da empresa tem se beneficiado do crescimento do mercado de inteligência artificial e da crescente demanda pelo seu sistema operacional Red Hat Linux.

"Encerramos o ano com um crescimento de dois dígitos na receita de software no quarto trimestre, impulsionado pela aceleração do Red Hat", afirmou o CEO Arvind Krishna, acrescentando que a empresa investiu US$ 5 bilhões em novas contratações para sua área de IA generativa.

Dívida bruta em relação ao PIB

De olho na agenda de indicadores, o Banco Central (BC) divulga, às 8h30, a relação dívida bruta/PIB de dezembro de 2024. Também será conhecido o balanço orçamentário e a taxa de desemprego pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os números fiscais consolidados de 2024 sucedem a apresentação das contas do Governo ontem, que mostraram um déficit dentro da meta.

Segundo o Tesouro, o Governo encerrou 2024 com um déficit de R$ 11 bilhões, ao desconsiderar as despesas extraordinários direcionadas às enchentes no Rio Grande do Sul e às queimadas nas regiões Norte e Nordeste.

A equipe econômica precisava perseguir um déficit zero em 2024, mas graças à margem de tolerância introduzida pelo arcabouço fiscal, o resultado efetivo poderia ser negativo em até R$ 28,8 bilhões -- portanto, ficou dentro da meta.

Ao considerar os gastos extraordinários, o déficit ficou em R$ 43 bilhões, um resultado muito menor que o rombo de R$ 228,5 bilhões observado em 2023. Entretanto, os R$ 32 bilhões para as catástrofes foram excluídos do cálculo da meta fiscal por decisões legislativas e judiciais.

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