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Tarifas à Colômbia, Boletim Focus, balanços de Big Techs, Copom e Fed: o que move o mercado

Mercados internacionais operam com volatilidade após startup chinesa DeepSeek apresentar avanços em sua IA e puxar ações da Nvidia para baixo

Radar: mercado acompanha novos movimentos de Trump em relação às tarifas (Oliver Berg/Getty Images)

Radar: mercado acompanha novos movimentos de Trump em relação às tarifas (Oliver Berg/Getty Images)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 27 de janeiro de 2025 às 08h52.

Última atualização em 27 de janeiro de 2025 às 10h14.

A semana, que inicia nesta segunda-feira, 27, promete ser animada com os balanços das big techs, reuniões do Federal Reserve (Fed, banco central americano), do Comitê de Política Monetária (Copom) e do Banco Central Europeu (BCE). Além disso, os olharem seguem atentos às políticas tarifárias de Donald Trump.

Hoje, os mercados internacionais, principalmente o americano, opera com alta volatilidade após a startup chinesa DeepSeek sair na frente em número e downloads de seu aplicativo para iPhone do que os do ChatGPT. Com isso, os índices futuros Nasdaq e S&P 500 despencam nesta manhã, o que pode impactar a bolsa brasileira.

Tarifas à Colômbia

Em meio a anúncios sobre menores impostos e ordens de deportações, as tarifas comercial voltam a aparecer. Neste domingo, 26, Donald Trump ordenou uma tarifa de 25% aos produtos da Colômbia, após o país barrar a entrada de aviões militares norte-americanos que transportavam deportados dos Estados Unidos.

A ordem partiu do presidente Gustavo Petro e gerou uma resposta imediata de Trump: tarifas emergenciais, ameaçando dobrar a taxa em uma semana. Petro respondeu com a promessa de aplicar a mesma tarifa contra produtos americanos e criticou duramente as ações dos EUA, especialmente o uso de algemas nos deportados.

Entretanto, os países cederam. Ainda na noite deste domingo, Colômbia e EUA chegaram a um acordo que permitiu o desembarque dos deportados e suspendeu as tarifas, embora as sanções ainda possam ser aplicadas caso o acordo seja violado. As novas condições incluem que os migrantes sejam repatriados em aviões militares sem restrições adicionais, enquanto os EUA mantêm medidas como inspeções alfandegárias mais rigorosas e a suspensão de vistos para funcionários colombianos.

Sob a ótica do investidor, a grande deportação em massa iniciada sob as ordens de Trump há alguns dias causam preocupações. Isso porque o movimento reduz a mão de obra no país e pode gerar uma pressão nos salários, o que teria consequências inflacionários.

Ao mesmo tempo, a política protecionista com a imposição de tarifas também é uma questão — pelo menos motivo, da inflação. Apesar de Trump parecer ainda analisar as tarifas contra a China, dando falas mais amigáveis sobre o presidente chinês, Xi Jinping, nos últimos dias, Trump enfatiza quase que diariamente a questão das tarifas para pelo menos algum país.

Balanços

A semana é marcada pelo início dos balanços das big techs. Na quarta-feira, 29, após o fechamento do mercado, Meta (META), Microsoft (MSFT) e Tesla (TSLA) divulgam seus números, enquanto a Apple (AAPL) divulga na quinta-feira, 30, também após o fechamento do mercado.

Fed, BCE e Copom

Todas as atenções se voltam para a reunião do Federal Reserve (Fed, banco central americano) na quarta-feira, 29. É quase consenso no mercado que a autoridade irá manter os juros neste encontro. Segundo a plataforma FedWatch, do CME Group, 97,3% do mercado acredita que a faixa irá permanecer entre 4,25% e 4,50%.

Um dos motivos para a manutenção dos juros são os últimos dados do mercado de trabalho de dezembro, que vieram muito acima do esperado. Entretanto, na sequência, o núcleo do Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) abaixo das expectativas animou os investidores e renovou as esperanças de que o Fed possa cortar juros em 2025.

Atualmente, as apostas para o primeiro corte de 2025, que antes estavam para julho de 2025, migraram para junho após o CPI. Segundo a plataforma FedWatch, agora 42,5% apostam no corte na reunião do dia 18 de junho.

Na Europa, também será a vez do Banco Central Europeu (BCE) decidir sua próxima taca de juros. Mesmo com um Fed mais cauteloso, os dirigentes do BCE se alinham para reduzir os juros por lá, que atualmente estão em 3%. O movimento é uma resposta ao crescimento fraco da Europa e a queda da inflação.

Por aqui, também haverá decisão de juros. Com o macro deteriorado e as expectativas desancoradas, é esperado que o Banco Central (BC) suba juros na primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do ano, também na quarta-feira, 29. Segundo a pesquisa do Valor com 120 instituições, a expectativa é unânime para uma elevação de 1 ponto percentual na Selic, levando-a para 13,25% anuais.

Boletim Focus

O mercado avalia a divulgação do Boletim Focus desta semana.

O Banco Central (BC) elevou significativamente suas projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A inflação de 2025 saltou 0,42 ponto percentual saindo de 5,08% para 5,50%. Já a de 2025 subiu de 4,10% para 4,22%, enquanto a projeção de 2028 saiu de 3,58% para 3,73%. A única que se manteve foi a de 2027, em 3,90%.

A estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2025 subiu ligeiramente de 2,04% para 2,06%. Já a de 2026 caiu de 1,77% para 1,72%, assim como a de 2027, que recuou de 2% para 1,96%. A de 2027 se manteve igual 2%.

O BC ainda projeta uma Selic em 15% ao final de 2025. Já em 2026, o Focus revisou de 12,25% para 12,50%, enquanto a de 2027 subiu de 10,25% para 10,38%. A de 2028 se manteve em 10%.

Quase todas as estimativas para o câmbio se mantiveram igual: R$ 6 (2025); R$ 6 (2026); e R$ 5,99 (2028). A única que foi revisada foi a de 2027, que subiu ligeiramente para cima de R$ 5,92 para R$ 5,93.

IA chinesa da DeepSeek derruba bolsas americanas

Os mercados globais registram forte volatilidade nesta segunda-feira, 27, com destaque para as perdas nos índices futuros americanos e em ações de tecnologia europeias. [grifar]Nasdaq recua pela manhã mais de 3% e S&P 500 cai quase 2%, pressionados por incertezas geradas pelo avanço do novo modelo de inteligência artificial (IA) da startup chinesa DeepSeek. A ferramenta demonstrou eficiência utilizando chips menos avançados, colocando em xeque as empresas como Nvidia (NVDA).

Na Europa, o setor de tecnologia liderou as perdas. Ações da ASML Holding NV recuaram mais de 8%, enquanto a Nvidia sofreu uma queda superior a 6% no mercado Tradegate da Alemanha. A notícia também abalou fabricantes de ferramentas para chips no Japão, como a Advantest Corp., que enfrentaram temores de queda na demanda por aceleradores de IA.

Por outro lado, o impacto no mercado asiático foi positivo para empresas ligadas à DeepSeek. O Hang Seng Tech Index, em Hong Kong, subiu até 2% antes do feriado do Ano Novo Lunar. Ações de companhias como Iflytek Co., envolvidas no desenvolvimento de tecnologia de IA, dispararam após o anúncio.

A startup também viu o número de downloads de seu aplicativo para iPhone superar os do ChatGPT, da OpenAI, liderando os rankings de downloads e despertando novas dúvidas no Vale do Silício sobre o domínio dos Estados Unidos no setor.

O modelo de IA da DeepSeek tem sido apontado como uma alternativa competitiva às soluções da OpenAI e da Meta Platforms. Sua principal vantagem está nos custos significativamente mais baixos de treinamento e desenvolvimento, o que atraiu atenção na cadeia de suprimentos asiática e reforçou as especulações sobre sua capacidade de redefinir o mercado global de IA.

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