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Suzano dispara na Bolsa com "ressaca" pós-fusão

Na última sexta-feira, Suzano anunciou a compra da Fibria; operação ainda deve passar pela avaliação do Cade e de outros órgãos antitruste

Suzano: empresa levou a melhor na disputa pela Fibria (Germano Lüders/Site Exame)

Suzano: empresa levou a melhor na disputa pela Fibria (Germano Lüders/Site Exame)

Rita Azevedo

Rita Azevedo

Publicado em 19 de março de 2018 às 16h33.

Última atualização em 19 de março de 2018 às 16h49.

São Paulo -- As ações da Suzano sobem forte nesta segunda-feira, dando continuidade ao movimento de alta registrado desde o anúncio da fusão com a rival Fibria, na última sexta-feira.

O casamento das duas companhias, que foi discutido por meses, deve demorar ainda mais um tempinho para ser concretizado. Isso porque a união ainda precisa passar pela aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e por órgãos antitruste na China, União Europeia e Estados Unidos. 

O Cade tem um prazo de 240 dias para aprovar o negócio, prorrogáveis por mais 90 dias. Suas decisões têm sido cada vez mais difíceis de prever, segundo advogados da área, e prever o que acontecerá com o negócio Suzano e Fibria é algo complexoNos Estados Unidos a decisão leva em média 300 dias; na China, 180. Na Europa, o limite é 150 dias úteis. 

Mesmo com a incerteza, os investidores da Suzano seguem animados. Nesta segunda-feira, as ações da empresa chegaram a subir 12,8% na máxima do dia. Na sexta, os papéis tiveram ganhos de 21,8%. Desde o começo do mês, a alta acumulada é de 45%.

Já a rival Fibria, que terminou o pregão da sexta-feira com perdas de 10,22%, caía cerca de 1% hoje.

O que as agências de crédito acharam da fusão

As agências de classificação de crédito Moody’s, Fitch e S&P aparentemente não desgostaram da fusão, mas  informaram que vão ficar de olho na “natureza volátil” do mercado de celulose e, sobretudo, no que vai acontecer com a dívida da Suzano nos próximos meses.

Na sexta-feira, a S&P elevou o rating em escala global da Suzano de BB+ para BBB- e reafirmou a nota em escala nacional em brAAA. A perspectiva foi alterada de positiva para estável.

Já a Moody's reafirmou a nota em Ba1 e manteve sua perspectiva negativa para o rating. Na visão da agência, o rating da Suzano reflete o fato de a companhia ser “beneficiada por um nível elevado de integração vertical com autossuficiência em fibras de madeira e energia”. A Moody's ressalta em sua justificativa também a proximidade das fábricas da empresa a florestas próprias e portos e a localização das fábricas.

“Além disso, sua diversidade em relação à celulose e papel se traduz em exposição a diferentes dinâmicas de mercado e contribui para fortalecer as margens operacionais mesmo em períodos de menor crescimento na indústria de papel do Brasil”, escreveu a agência.

Entre os obstáculos à evolução do rating da Suzano, a Moody’s, elenca a “natureza volátil” da indústria de celulose e a possibilidade de um enfraquecimento da economia brasileira. “A perspectiva negativa reflete o aumento dos níveis de dívida que a Suzano registrará na aquisição e os riscos de execução que envolvem uma combinação de negócios de tal magnitude”, disse o texto.

A Fitch reafirmou o rating de longo prazo e em moeda estrangeira da Suzano em BBB-, com perspectiva estável, e alterou a perspectiva de positiva para estável da nota BBB- da Fibria. 

Para a Fitch, a compra da Fibria pela Suzano “criará o principal produtor mundial de celulose do mercado”. A agência ainda diz que “a excelente posição comercial como um produtor de celulose de mercado de baixo custo e sua capacidade de diluir custos fixos reforçarão ainda mais a capacidade da empresa” na geração de um fluxo de caixa forte durante as baixas de preços cíclicas.

 

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