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Suspeitas de fraude e lavagem de dinheiro: a história e as controvérsias do Banco do Vaticano

O Istituto per Opere di Religione foi fundado para administrar recursos da Igreja, mas já esteve na crista de algumas polêmicas

Istituto per Opere di Religione: Uma das instituições mais misteriosas do mundo tem € 5 bilhões em ativos (Tiziana FABI /AFP)

Istituto per Opere di Religione: Uma das instituições mais misteriosas do mundo tem € 5 bilhões em ativos (Tiziana FABI /AFP)

Letícia Furlan
Letícia Furlan

Repórter de Mercado Imobiliário

Publicado em 28 de abril de 2025 às 18h22.

Última atualização em 28 de abril de 2025 às 18h33.

Istituto per Opere di Religione (IOR), ou simplesmente Banco do Vaticano. A instituição relativamente secreta, comandada pelo Papa e que já teve um brasileiro como banqueiro, foi criada em 1942 para administrar os ativos da Igreja — e também já esteve no centro de controvérsias financeiras que marcaram a história do menor país do mundo.

Mas desde que assumiu o papado, em 2013, o Papa Francisco, que faleceu no último dia 21, promoveu algumas mudanças na instituição financeira.

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No primeiro ano de seu papado, Francisco tornou obrigatório que o Vaticano publicasse as demonstrações financeiras, assim como qualquer outra instituição financeira.

Em 2019, ele determinou que os números do banco fossem auditados por uma auditoria externa independente. Até então, isso era feito por meio de um comitê interno. Desde então, assim como qualquer outro banco, o IOR divulga o seu balanço todo ano.

No último balanço — divulgado em março de 2024, mas referente a todo o ano de 2023 — o Instituto alcançou 30,6 milhões de lucro líquido e tinha 5,4 bilhões em ativos sob gestão.

Em carta a investidores, o Banco do Vaticano inclusive afirmou que “dada a solidez dos dados financeiros das demonstrações financeiras de 2023 e tendo em conta as exigências de capitalização do Instituto”, decidiu distribuir 13,6 milhões para obras de religião e caridade.

História e controvérsias do Banco do Vaticano

O Banco do Vaticano foi fundado para administrar recursos durante a Segunda Guerra Mundial e, embora não esteja formalmente subordinado à Santa Sé, seu papel é decisivo nas finanças do Vaticano.

É dirigido por um presidente e um diretor-geral que se reportam diretamente ao Papa, mas, na ausência do pontífice, as decisões passam a ser responsabilidade do carmelengo.

A instituição, que foi criada como uma fundação de caridade, funciona de maneira discreta e envolta em mistério.

Desde a década de 1980, o banco chamou a atenção mundial, especialmente após o colapso do Banco Ambrosiano, que envolveu uma falência de US$ 4,7 bilhões, com o Banco do Vaticano como um dos principais acionistas.

O escândalo gerou uma série de acusações de fraudes e corrupção, com destaque para o arcebispo Paul Marcinkus, ex-diretor do banco, que foi implicado, mas nunca julgado, devido à sua alegada imunidade diplomática. O episódio chegou a inspirar a trama de um filme da franquia O Poderoso Chefão.

Nas últimas décadas, o Banco do Vaticano novamente se viu no epicentro de um grande escândalo. Em 2010, as autoridades italianas investigaram transações suspeitas de lavagem de dinheiro, envolvendo 23 milhões congelados em um banco parceiro. O então presidente, Ettore Gotti Tedeschi, foi afastado após a descoberta de falhas em sua gestão e suspeitas de irregularidades.

No lugar dele, foi nomeado o economista brasileiro Ronaldo Schmitz, nascido em Porto Alegre e formado no Rio de Janeiro.

Em resposta às crescentes críticas, antes de Francisco, o Papa Bento XVI também implementou uma série de reformas para tentar aumentar a transparência do banco.

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