Banda de K-pop BTS estreou nesta quinta-feira na bolsa coreana (VIACOM/Reuters)
Lucas Amorim
Publicado em 15 de outubro de 2020 às 07h14.
Última atualização em 15 de outubro de 2020 às 08h34.
Para quem acha que o ano de 2020 não reservava mais surpresas, a Big Hit Enterteinment, gravadora responsável pela banda de K-pop BTS, estreou nesta quinta-feira na bolsa coreana. Assim como na música, foi um sucesso estrondoso: as ações fecharam o primeiro dia de negociações em alta de 90%. A dúvida é se a euforia vai se sustentar no médio prazo após um pregão que misturou idolatria com análise fria de potencial do negócio.
Daniel Yoo, diretor de investimentos da Yuanta Securities Korea, afirmou ao site CNBC que o desempenho é mostra do potencial do mercado de entretenimento na Coreia do Sul. Porém, alertou que a Big Hit Entertainment é excessivamente dependente de uma só banda. Assim como acontece nas ofertas de ações de times de futebol, há uma mistura natural (e arriscada) entre o sucesso esportivo e musical com o valor de mercado das companhias. Um campeonato (ou um show) fora de compasso pode levar a grandes perdas na bolsa.
Os integrantes da BTS têm entre 23 e 27 anos e são a maior referência global do estilo pop coreano, sucesso sobretudo entre jovens e adolescentes. Em agosto deste ano a BTS virou a primeira banda sul-coreana a chegar ao topo da lista de sucessos americana Billboard com seu primeiro single 100% em inglês, "Dynamite". O lançamento do vídeo foi visto simultaneamente por 3 milhões de pessoas, novo recorde. Em 2 meses o vídeo já tem 480 milhões de visualizações.
O problema: eles respondem, sozinhos, por 90% do faturamento da gravadora. A previsão era que cada integrante da banda recebesse 54 milhões de dólares com a oferta -- caso tenham mantido seus papeis, o valor já passou dos 100 milhões de dólares hoje.
Para além da idolatria musical, a alta nesta quinta-feira reflete um momento de euforia na bolsa coreana por um motivo bem conhecido: alta liquidez provocada por juros em taxas mínimas históricas. Companhias de outros setores, como a farmacêutica SK Biopharmaceuticals e a empresa de games Kakao, também tiveram grandes altas em seus IPOs, como destaca a CNBC.