Radar: dia é marcado pela decisão de política monetária em seis países ( Raphael Ribeiro/BCB/Flickr)
Repórter de finanças
Publicado em 31 de julho de 2024 às 08h54.
Os mercados internacionais operam majoritariamente em tom de otimismo na manhã desta quarta-feira, 31. Nos Estados Unidos, os índices futuros sobem significativamente, com Nasdaq valorizando mais de 1,5% à espera da decisão de juros por lá.
Na Europa, as bolsas operam em alta, com ganhos liderados pela ação da ASML, após a Reuters divulgar uma notícia de que a fabricante de equipamentos para chips holandesa ficaria isenta de uma nova regra dos EUA para restringir exportações estrangeiras.
Na contramão do mercado, as bolsas asiáticas fecharam em queda na madrugada desta quarta-feira, antes da decisão de política monetária do Japão (que elevou os juros por lá). Por aqui, de olho também na decisão de política monetária do Banco Central (BC), o Ibovespa futuro sobe.
O grande destaque do dia é a decisão do Brasil e dos Estados Unidos sobre o rumo dos juros de ambos os países. Conhecida como Super Quarta, o Federal Open Market Comittee (Fomc, comitê de política monetária dos EUA) e o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciam, nesta quarta-feira, as novas taxas básicas de juros da economia brasileira e americana.
As expectativas é que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) mantenha seus juros inalterados na faixa entre 5,25% e 5,50% ao ano, sinalizando ventos favoráveis para o corte de juros em setembro. Por aqui, as projeções também apontam que o Banco Central do Brasil (BC) também deve manter a Selic em 10,50% ao ano, trazendo um tom mais ‘hawkish’ (favorável a juros mais altos).
Além da decisão de política monetária no Brasil e Estados Unidos, o Banco do Japão (BoJ) também decidiu hoje sua nova política monetária. Pela segunda vez consecutiva neste ano, após 17 anos sem alterar os juros no país, o BoJ elevou sua taxa de juros de referência para “cerca de 0,25%” de sua faixa anterior de 0% a 0,1%. A nova taxa é a mais alta desde 2008.
Ainda hoje, em um dia fora do comum, o Banco da Inglaterra (BoE), o Banco Central da Colômbia (BanRep) e o Banco Central de Chile (BCCh) também decidem suas taxas de juros.
De olho na situação geopolítica no Oriente Médio, o mercado também acompanha a morte do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh. O grupo extremista confirmou a morte e disse que Haniyeh foi morto em um ataque aéreo em Teerã, capital do Irã, que o grupo terrorista atribui a Israel. O ataque ocorreu enquanto o líder político estava na cidade para a posse do novo presidente iraniano, nesta quarta-feira. As informações são do Financial Times.
A morte de Haniyeh coloca em xeque a relação entre Israel e Irã. Relação esta que já estava balançada após ataques diretos em abril deste ano. O assassinato de Haniyeh, portanto, eleva as tensões no Oriente Médio, e se torna um grande dilema para o Irã, que agora deverá deliberar sobre como responder.
Especialistas ouvidos pela EXAME Invest afirmaram que o que preocupa o mercado é justamente a entrada do Irã no conflito, visto que o país é um dos maiores produtores de petróleo no mundo, sendo membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). O envolvimento do país na guerra poderia pressionar o preço do petróleo e prejudicar países que compram a maior parte da commodity do país, como a China.
De olho na temporada de balanços, Cielo (CIEL3), Isa Cteep (TRPL4), Kepler Weber (KEPL3), EcoRodovias (ECOR3), Gerdau (GGBR4) e Gerdau Metalúrgica (GOAU4) publicam seus números após o fechamento da sessão. Nos Estados Unidos, investidores acompanham atentamente o balanço da Meta (M1TA34), dona do Facebook.
Pela manhã, Weg (WEGE3) já divulgou seus resultados do segundo trimestre de 2024. A companhia registrou lucro líquido de R$ 1,44 bilhão, o que representa uma alta de 5,4% em relação ao mesmo período em 2023. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 2,12 bilhões, 15,7% superior ao segundo trimestre de 2023.
Investidores também repercutem o resultado de Microsoft (MSFT34) divulgado na noite de terça-feira, 30. O lucro líquido da companhia foi de US$ 22,04 bilhões, alta de 10% frente aos US$ 20,08 bilhões registrados no ano anterior. Já a receita teve alta de 15%, alcançando US$ 64,7 bilhões.
Apesar dos números terem vindo melhores e acima do esperado, investidores se frustraram com o serviço de nuvem Azure da Microsoft, que registrou uma desaceleração no crescimento trimestral, decepcionando investidores que aguardavam um retorno dos grandes investimentos em produtos de inteligência artificial. Após a divulgação do balanço, as ações da big tech recuaram cerca de 7% no after market.
Na agenda dos indicadores, investidores acompanham a divulgação da taxa de desemprego medida pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) de junho. Ontem, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) surpreendeu negativamente o mercado.
A economia brasileira criou 201.705 postos de trabalho com carteira assinada em junho de 2024, alta de 29,5% na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Segundo as Projeções Broadcast, a expectativa apontava para uma criação de 165 mil vagas com carteira assinada no mês passado. Em junho de 2023 foram criadas 157.198 vagas. O resultado foi impulsionado pelo setor de serviços.
O mercado também digere o decreto que detalhou quais ministérios serão alvo da contenção de R$ 15 bilhões de despesas, publicado ontem à noite em uma edição extra do Diário Oficial da União. Os ministérios da Saúde e das Cidades foram os mais afetados, sendo a divisão do congelamento feita da seguinte forma: