Decisão monetária: mercado espera alta de 0,75 p.p. nos EUA (Getty Images/Getty Images)
Beatriz Quesada
Publicado em 15 de junho de 2022 às 06h02.
Conhecido no mercado como “Super Quarta”, o dia de hoje, 15, será marcado por decisões de política monetária tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. A decisão do banco central americano, Federal Reserve (Fed), sai às 15h, enquanto a do Comitê de Política Monetária do Banco Central brasileiro (Copom) será divulgada após o fechamento do mercado.
Investidores costumam acompanhar com lupa todas as movimentações dos bancos centrais, que definem o rumo da taxa de juros nos dois países. No entanto, a expectativa é ainda maior para o resultado desta quarta-feira. O motivo? Uma mudança nas projeções nos Estados Unidos.
Até semana passada, havia um consenso de que o Fed teria que acelerar o ritmo de alta de juros em 0,50 ponto percentual (p.p). Porém, as apostas de um aperto monetário mais duro ganharam força a partir da última sexta-feira, quando o principal índice de inflação dos EUA, o Índice de Preço ao Consumidor americano (CPI, na sigla em inglês), saiu acima do esperado.
As apostas ganharam força na tarde de segunda-feira, com uma reportagem do Wall Street Journal sugerindo que uma elevação de 0,75 p.p. estava no radar do Fed. Grandes bancos e gestoras internacionais, como Goldman Sachs e JPMorgan, alteraram suas projeções nos últimos dias e agora esperam uma alta mais dura, de 0,75 p.p.. Se for concretizada, a elevação será a maior desde 1994.
A possibilidade do Fed acelerar o ritmo da alta de juros pode pressionar outros bancos centrais para que sigam o exemplo. No caso do Brasil, a reação veio na abertura da curva de juros na véspera.
O consenso ainda é de alta de 0,50 p.p., que levaria a taxa básica de juros, a Selic, para 13,25%. Mas crescem as expectativas de que o ciclo de alta de juros não termine por aí, com mais uma elevação de 0,50 p.p. na reunião de agosto puxada pela inflação local e pelo posicionamento do Fed.
Entre os principais bancos de investimentos, Itaú BBA, BTG Pactual, Goldman Sachs e J. P. Morgan passaram a ver uma nova elevação de juros na reunião de agosto como o cenário mais provável, levando a Selic para 13,75% ao ano.
Para além do Fed, questões internas também justificam novas elevações da Selic. "O recente ativismo fiscal, com o governo propondo políticas expansionistas para reduzir (principalmente) os preços de energia, foi particularmente decisivo para a revisão de nossas estimativas", afirmaram Cassiana Fernandez, economista-chefe para o Brasil do JPMorgan, e Vinícius Moreira, economista do banco, em relatório.
Caso a Selic suba para 13,75% ao ano, a taxa ficará em seu maior patamar desde 2016.