Mercado de Saúde: União entre SulAmérica e Rede D'Or pode formar gigante de mais de R$ 100 bi, segundo Credit Suisse (Erdikocak/Getty Images)
Graziella Valenti
Publicado em 9 de setembro de 2022 às 12h24.
Última atualização em 9 de setembro de 2022 às 12h25.
O agito no setor de saúde, com o vai-e-vem da discussão do piso de enfermagem e do rol de taxativo, mais as dúvidas sobre o cenário macroeconômico trouxeram volatilidade às ações das companhias desse segmento listadas na B3, inclusive as da Rede D’Or (RDOR3), a maior empresa independente de hospitais do país. Com isso, o spread entre as ações da SulAmérica Saúde (SULA11), cuja aquisição foi anunciada em fevereiro, também está oscilando. Ontem, estava em 4,5% e hoje subiu para 5%.
O spread em questão é a diferença entre a cotação pelas quais as ações da SulAmérica estão negociando na B3 e o valor que elas fazem jus, devido à compra pela rede de hospitais. Portanto, esses 5% equivalem ao desconto no preço de tela de SULA11.
A transação ainda está pendente de aprovação no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Quando houver o aval para o negócio, as units da SulAmérica serão trocadas pelo equivalente a 0,7683 ação da Rede D’Or. Ao preço de hoje na B3, os papéis da SulAmérica deveriam valer quase R$ 26,30, mas estão sendo transacionados em torno de R$ 25,10.
Apesar de ainda existir, esse spread já foi bem maior. E é a principal razão que explica a Rede D’Or ter comprado em bolsa tantas ações da SulAmérica, antes do fechamento efetivo da operação. Na última atualização, essa participação estava em 15%.
As compras pela D’Or começaram em março, quando esse desconto estava em torno de 15%. Naquele mês, a companhia de hospitais anunciou sua primeira posição na SulAmérica, de pouco mais de 5% - antes disso, a participação era praticamente inexistente.
Para a Rede D’Or, essas aquisições barateiam o custo final do negócio. Na data do anúncio da aquisição, o valor estabelecido equivalia a um prêmio da ordem de 50% pelos papéis da SulAmérica.
O Credit Suisse considera que as ações de ambas as empresas estão em níveis atrativos, apesar do desconto entre elas. Em relatório desta sexta, o banco suíço revisou a recomendação para a SulAmérica de venda para compra e elevou o preço-alvo dos papéis de R$ 20 para R$ 35. A revisão leva em conta projeções de índices de sinistralidade superiores aos históricos da companhia para os próximos dois anos.
Os analistas, no entanto, atribuíram como o principal risco para a ação uma possível rejeição da operação com a Rede D'Or ou mesmo a imposição de remédios antitruste "significativos" pelo Cade. Sem a fusão, o preço justo para as ações da companhia seria de R$ 26, segundo relatório.
A fusão, se aprovada, deve formar uma gigante de saúde de R$ 105 bilhões, considerando o preço-alvo do Credit Suisse para a Rede D'Or, de R$ 46. É sobre a participação da SulAmérica na nova companhia que deriva o preço-alvo de R$ 35.
"Caso a fusão seja aprovada, as ações da empresa combinada estariam sendo negociadas a 55x preço/lucro (P/L) para 2022 e 19x P/L para 2023. Nossos preços-alvos para ambas as empresas implicam um múltiplo potencial de 76x P/L para 2022 e 27x P/L para 2023, se nenhum remédio antitruste for aplicado e nenhuma sinergia for capturada", afirmaram os analistas.