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Sufoco no aço: Safra recomenda 'venda' de Usiminas (USIM5) e vê potencial de queda de 14%

Enxurrada de importações chinesas deve pesar sobre preços domésticos do aço, alerta o banco; preço-alvo para o fim de 2025 saiu de R$ 6,80 para R$ 5,00

Redução de custos não deve ser suficiente para compensar pressão de preços no mercado doméstico, aponta o banco (AFP)

Redução de custos não deve ser suficiente para compensar pressão de preços no mercado doméstico, aponta o banco (AFP)

Juliana Alves
Juliana Alves

Repórter de mercados

Publicado em 25 de abril de 2025 às 11h55.

Última atualização em 25 de abril de 2025 às 12h09.

O Safra rebaixou a recomendação para as ações da Usiminas (USIM5) para “underperform”, equivalente à venda, com uma expectativa de pressão nos preços do aço no mercado doméstico em meio à inundação de importações da China.

Analistas do banco reduziram o preço-alvo para o fim de 2025 de R$ 6,80 para R$ 5,00 por ação, o que representa um potencial de queda de 14%.

A mudança vem depois dos resultados do primeiro trimestre. “Estamos mais pessimistas quanto à recuperação dos lucros, pois esperamos que os preços do aço no mercado interno caiam ainda mais, anulando a redução de custos, e projetamos que esse cenário se estenda até 2026”, avaliam os analistas.

Demanda aquecida, importações idem: o retrato ambíguo do setor de aço no Brasil

Na perspectiva do banco, a valorização acumulada de 13% dos papéis neste ano não é justificada pelo cenário operacional. “Acreditamos que os lucros devem continuar pressionados, com os preços domésticos do aço em queda superando os ganhos com menores custos.”

A estimativa do banco para o Ebitda da siderúrgica para 2025 foi reduzida para R$ 2,54 bilhões — 9% abaixo do consenso de mercado. O futuro deve seguir desafiador. Para 2026, espera-se um Ebitda de R$ 2,7 bilhões, cerca de 14% abaixo das previsões anteriores, refletindo uma visão mais cautelosa para os preços internacionais do aço.

Além disso, os analistas destacam que o rendimento do fluxo de caixa livre não parece atrativo, em 1% para 2025 e uma queda de 3% para 2026, mesmo considerando um capex ajustado para condições de mercado desafiadoras no período, em R$1,5 bilhão.

Demanda fraca e preços baixos

A demanda por aço segue fraca, enquanto a oferta continua crescendo, especialmente com o aumento das importações. Entre janeiro e março, o consumo aparente de aços planos no Brasil subiu 14% em relação ao mesmo período de 2024, mas as vendas domésticas avançaram apenas 10%, sinalizando maior penetração de produtos importados.

Os preços do aço laminado a quente (HRC) da China caíram 5% no acumulado do ano, e o volume de exportações do país cresceu 6% em março. Já no Brasil, os preços do HRC recuaram 7% desde março, movimento que deve continuar nas próximas semanas, na avaliação do Safra.

“Cada 1% de queda no preço doméstico impacta o Ebitda trimestral da Usiminas em R$ 55 milhões, ou 7%”, calcula o banco.

Mesmo com clima de pessimismo, o Safra elevou suas projeções para a divisão de mineração da Usiminas, impulsionado por preços mais altos e melhor mix de qualidade no minério vendido. Mas o impacto positivo é limitado frente à deterioração do cenário no segmento de aço.

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