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Stuhlberger vende mais ações e vê mercado na contramão

Fundo Verde reduziu ainda mais sua posição em ações brasileiras, limitando a parcela aplicada em papéis da Bovespa a 5% da carteira


	Luis Stuhlberger: estratégia segue a visão do gestor do fundo, Luis Stuhlberger, e de sua equipe
 (Germano Lüders/EXAME.com)

Luis Stuhlberger: estratégia segue a visão do gestor do fundo, Luis Stuhlberger, e de sua equipe (Germano Lüders/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 13 de maio de 2014 às 18h12.

São Paulo - O Fundo Verde, maior fundo hedge do Brasil e um dos maiores do mundo, reduziu ainda mais sua posição em ações brasileiras, limitando a parcela aplicada em papéis da Bovespa a 5% da carteira.

O fundo é um multimercado, que pode aplicar em qualquer ativo, e tem patrimônio de cerca de R$ 14 bilhões, considerando as várias carteiras que replicam sua estratégia.

No começo do ano, o fundo tinha 13% de seus recursos aplicados em ações de empresas brasileiras, o que significa que a parcela caiu a menos da metade em quatro meses.

A estratégia segue a visão do gestor do fundo, Luis Stuhlberger, e de sua equipe, de que a alta recente da bolsa e as quedas do dólar e dos juros são temporárias pois não estão de acordo com os fundamentos da economia brasileira, que apresenta deterioração das expectativas de crescimento, inflação alta, contas fiscais desequilibradas e conta-corrente externa com déficit elevado.

Em relatório enviado aos clientes, o gestor reafirma suas apostas, que fizeram o Verde perder 0,95% em abril e 2,8% no ano, diante de um CDI de 0,81% e 3,23% e de um Ibovespa de 2,4% e 0,23%, respectivamente.

Para Stuhlberger, “no longo prazo, a balança do mercado vai pender para o lado dos fundamentos problemáticos”, passando então a beneficiar as apostas do gestor, de alta do dólar e dos juros e queda da bolsa.

O relatório do Verde de abril começa com uma frase de Benjamim Graham, estudioso dos mercados financeiros, criador das teorias de investimento no valor das empresas e que foi professor e chefe do megainvestidor Warren Buffett.

“No curto prazo, o mercado é uma máquina de votar, no longo, é uma balança”, dizia o professor, ao se referir à tendência do mercado de, no curto prazo, escolher as empresas mais populares, desprezando as impopulares.

Já no longo prazo, o que sobraria mesmo no mercado seriam as empresas com peso de verdade.

Para o gestor, o mercado brasileiro nos últimos dois meses estaria “votando”, ou seja, apostando em um cenário político e transformando as quedas da presidente Dilma Rousseff nas pesquisas eleitorais em altas nos preços dos ativos, especialmente ações de estatais.

Da mesma forma, e com a mesma visão, os investidores derrubaram a cotação do dólar e os juros de longo prazo.

Esse processo é favorecido pelo ambiente global, que se tornou, temporariamente na visão do gestor, mais atrativo para os mercados emergentes, com quedas nas taxas de juros dos países desenvolvidos e redução da volatilidade dos preços aos níveis mais baixos da história.

“Esse cenário tem ido na direção contrária às posições do fundo, mas nós, como Graham, vemos a ‘balança’ dos fundamentos pendendo fortemente para o lado contrário”, diz o relatório.

Ao mesmo tempo, o gestor chama a atenção para o fato de que o pêndulo do mercado “oscilou da convicção total da reeleição para a crença absoluta na vitória da oposição”.

Nesse ambiente, o Verde aproveitou para reduzir ainda mais sua aplicação em ações brasileiras.

Diante da decisão de Stuhlberger de não “surfar” a onda de otimismo do mercado com as eleições, o Verde completou em abril o quarto mês seguido de perdas, ainda sem um mês positivo em 2014.

Mas, apesar da queda neste ano, o fundo acumula rentabilidade de 9,82% em 12 meses, ante 9,12% do CDI. Um período ainda pequeno para avaliar o fundo, que teve rendimento anual médio de 29,28% desde 1997,para 16,10% do CDI ao ano.

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