Porsche: montadora europeia pode ser afetada negativamente por tarifas de Trump (Krisztian Bocsi/Getty Images)
Repórter
Publicado em 27 de março de 2025 às 06h26.
Última atualização em 27 de março de 2025 às 10h05.
A partir da próxima semana, todos os carros e picapes importados pelos Estados Unidos pagarão uma tarifa adicional de 25%, além dos impostos que já estavam em vigor. A medida anunciada por Donald Trump, presidente dos EUA, atinge também peças essenciais, como motores, transmissões e componentes elétricos — exceto aquelas que forem fabricadas no Canadá ou México sob as normas do acordo USMCA.
Entre as poucas vencedoras desse novo cenário está a Tesla (TSLA). Com fábricas na Califórnia e no Texas, a montadora de Elon Musk é menos exposta aos impactos tarifários, segundo a Bloomberg, já que produz localmente todos os veículos que vende nos Estados Unidos. A própria empresa tem destacado suas credenciais americanas, afirmando que seus modelos “são os carros mais fabricados nos EUA”.
Já empresas como Hyundai, Toyota, Nissan, Porsche e Mercedes-Benz devem sofrer as maiores pressões.
A sul-coreana Hyundai, por exemplo, importa mais de um milhão de carros por ano para os Estados Unidos, mesmo mantendo fábricas no Alabama e na Geórgia.
Segundo estimativas da corretora SK Securities, a empresa e sua afiliada Kia podem ter que arcar com até US$ 7 bilhões por ano em tarifas — o que representa quase 40% do lucro operacional conjunto obtido em 2024.
A japonesa Nissan deve ser a mais afetada entre as montadoras do Japão. Projeções do Goldman Sachs (GS) indicam que a empresa pode perder até 56% de seu lucro operacional previsto para 2026. A Toyota, apesar de ter ampla operação no território norte-americano, ainda importa metade dos veículos que comercializa no país.
Porsche e Mercedes-Benz podem perder até € 3,4 bilhões com as novas tarifas, segundo dados da Bloomberg Intelligence.
A Porsche, que tem os Estados Unidos como seu principal mercado, não possui fábricas locais e depende 100% de importações. A Mercedes, apesar de contar com unidades produtivas em solo americano, também será fortemente impactada.
As ações da Porsche e da Mercedes recuaram mais de 5% após o anúncio. BMW e Volkswagen — dona de marcas como Audi e Lamborghini — também registraram quedas de até 4,9%. Já a britânica Aston Martin viu suas ações caírem 8,9% em Londres.
As tarifas colocam em xeque a lógica da cadeia produtiva global integrada, especialmente no setor automotivo europeu. A VDA, associação das montadoras da Alemanha, classificou a medida como “um sinal fatal para o comércio livre e baseado em regras”, e pediu que a União Europeia negocie uma solução com os Estados Unidos.
Embora a medida seja defendida por Trump como forma de estimular a produção doméstica, ela pode causar efeitos colaterais significativos. Analistas alertam para uma possível alta de até US$ 12 mil nos preços dos carros nos EUA, reduzindo a competitividade e ampliando os custos para o consumidor americano.