Marcelo Cerize, CEO da Lev (Lev/Divulgação)
Guilherme Guilherme
Publicado em 29 de janeiro de 2023 às 11h16.
Última atualização em 30 de janeiro de 2023 às 12h07.
Sócios na gestora Skopos e na casa de análise Inv, os irmãos Marcelo e Pedro Cerize estão prestes a colocar na rua sua mais nova empreitada: uma corretora criada do zero e voltada para investidores institucionais. Tendo Marcelo Cerize como CEO, a DTVM foi batizada de "Lev" e terá estrutura como seu nome sugere: "leve".
Serão 23 colaboradores, sendo pouquíssimos operadores de mesa. Apesar da mão de obra enxuta prevista para o início das operações, em 9 de fevereiro, a corretora promete ser robusta em tecnologia e infraestrutura.
A ideia é que a grande maioria das ordens sejam executadas de modo 100% eletrônico. Para levar mais eficiência às operações dos clientes, a Lev criou algoritmos próprios inspirados nos utilizados pela Skopos. Com isso, Marcelo Cerize espera que as ordens partidas de sua corretora tenham o mínimo de interferência nos preços dos ativos, possibilitanto vendas a preços mais altos e compras a preços mais baixos.
"A compra de US$ 1 bilhão no mercado futuro, se feita 0,5 ponto pior, poderia custar mais que a taxa de corretagem de um mês inteiro. Isso tem impacto direto na performance do fundo", disse o CEO.
Essa maior eficiência nas operações, segundo Marcelo Cerize, será mensurável. O objetivo, contou, é de que em 2 anos a corretora consiga gerar até R$ 600 milhões em economia aos clientes. "Todo o sistema foi desenvolvido para que os fluxos não sejam visualizados", afirmou.
Com sistemas em nuvem e servidores dentro do data center da B3, Cerize espera atender com eficácia os fundos que utilizam algorítmos próprios: os quantitativos.
"Conseguimos oferecer as melhores infraestrutura e conectividade possíveís para os quantitativos. Hoje, essa indústria ainda é pequena no Brasil. Mas lá fora já é gigantesca e tem se tornado cada vez maiores as proporções."
Uma das estratégias que a Lev quer atender são as de alta frequência, em que os fundos buscam ganhos em operações ultrarrápidas, em que o tempo de compra e venda de determinado ativo pode durar menos de um segundo. Esse tipo de estratégia já correspondia a cerca da metade do volume de negociação da bolsa em 2019, quando a B3 parou de divulgar esse tipo de informação.
Uma das metas da Lev é, até 2025, alcançar 5% das negociações de contratos futuros de maior liquidez. Para o primeiro mês, a corretora espera movimentar R$ 2 bilhões no mercado à vista e 500.000 contratos futuros. Os primeiros testes da Lev já estão sendo feitas com a gestora Skopos e até o fim de fevereiro a corretora projeta ter 20 clientes, todos institucionais.
"Fui do buy side por mais de 20 anos. Então, conheço e tenho uma boa relação com grande parte dos gestores do Brasil." Vendo as grandes corretoras se voltarem cada vez mais para a pessoa física, Cerize vê o momento de se voltar para os institucionais como oportuno.
"Com a migração de renda variável para renda fixa nos últimos anos, as gestoras estão revendo suas estruturas. Consiguimos proporcionar uma corretagem superbarata, devido à estrutura enxuta, e ainda oferecemos algorítmos para melhorar a execução das ordens. Agora é a hora de entregarmos um ótimo serviço para costurarmos relações de longo prazo. Não quero bater de frente com os grandes players", disse o CEO da Lev.,
Em um segundo momento, que projeta ser no segundo semestre do ano, o CEO tem planos de transformar a Lev em uma "corretora como serviço" a assessores de investimentos independentes. "Com a mudança de regulamentação prevista para este ano, os agentes autônomos que estão na base da pirâmide devem começar a montar seus próprios negócios. É para eles que queremos oferecer nossos serviços, transoformando o agente autônomo em plataformas de investimento, mas sem o nome da Lev por trás."