Snapchat: prejuízo foi para a casa dos bilhões (Dado Ruvic/Illustration/Reuters)
Rita Azevedo
Publicado em 11 de maio de 2017 às 10h41.
Última atualização em 11 de maio de 2017 às 11h46.
São Paulo — As ações da Snap, dona do aplicativo Snapchat, despencaram depois de a empresa reportar um prejuízo líquido de 2,21 bilhões de dólares nos três primeiros meses do ano — número bem superior ao registrado no primeiro trimestre de 2016, quando a empresa teve perdas de 104,6 milhões de dólares.
Por volta das 11h40, as ações caiam 18,6%, negociadas a 18,75 dólares cada um. No dia, os papéis chegaram a cair 23%.
Essa foi a primeira vez que a empresa divulgou seu balanço financeiro, depois de abrir capital na Bolsa de Nova York (Nyse), no início de março. O mau resultado, segundo a companhia, foi influenciado, entre outros pontos, pelos gastos com IPO.
A receita total no período foi de 149,6 milhões de dólares — 268% mais do que no primeiro trimestre de 2016. O número de usuários ativos diários foi de 166 milhões, 36% mais do que nos primeiros meses do ano passado.
Ao mesmo tempo em que vê seus resultados financeiros piorarem, a Snap enfrenta a força de concorrentes como o Facebook, que também é dono do Whatsapp e do Instagram.
A briga entre as companhias já dura anos e começou após uma tentativa de Mark Zuckerberg de comprar o aplicativo do fantasminha por três bilhões de dólares. Na época, a proposta não foi aceita.
A partir daí, as redes controladas pelo Facebook passaram a "reproduzir" a função principal do Snapchat: a possibilidade de compartilhar imagens que desaparecem após 24 horas. O primeiro foi o Instagram, seguido pelo WhatsApp, pelo Messenger e, recentemente, pelo app principal do Facebook.
Segundo dados divulgados há algumas semanas pelo Facebook, as "cópias" teriam conquistado mais usuários que o próprio Snapchat.
De acordo com o o Wall Street Journal, a Snap teria um plano para voltar a se diferenciar dos concorrentes (e, assim, reduzir os prejuízos). Trata-se de um acordo com emissoras como NBC, ESPN, BBC, A&E, Discovery e Vice para a veiculação de conteúdo original.
Outra mudança anunciada recentemente que poderia ajudar a companhia a melhorar seus números é a simplificação do sistema de venda de anúncios da rede social, que antes era feito à moda antiga, por equipes de venda.
A partir do próximo mês, informou a Snap, as empresas poderão comprar anúncios em um sistema parecido com um self-service. Será possível visualizar os diferentes formatos de publicidade e ali mesmo contratar o serviço. Não será imposto um valor mínimo de gastos e as companhias terão acesso à relatórios com os resultados de cada campanha.
A expectativa dos investidores é que, com a automatização de parte do processo de compra de anúncios, os custos caiam e empresas de menor porte se interessem pela rede social, aumentando assim o valor arrecadado com publicidade.