Mercados

Situação fiscal nos EUA e na Europa eleva volatilidade nos mercados

No Brasil, decisão do Copom e sinais sobre os rumos da política monetária devem mostrar se o ciclo de alta da Selic deve ter continuidade

Agenda (Horia Varlan/Creative Commons)

Agenda (Horia Varlan/Creative Commons)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de julho de 2011 às 17h27.

São Paulo – A semana compreendida entre os dias 18 e 22 de julho reserva a divulgação de dados econômicos e eventos importantes, tanto no Brasil como no exterior. No plano internacional, as questões envolvendo a dívida pública nos Estados Unidos e na Europa continuam a trazer volatilidade aos mercados. Já na cena interna, o destaque vai para a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) sobre a taxa básica de juros (Selic), além de dados de inflação.

O Ibovespa, principal índice de ações do mercado brasileiro, fechou a última sexta-feira (15) com queda de 0,34%, aos 59.478,01 pontos. Na semana, o índice perdeu 3,31%. No mês, acumula baixa de 4,69% e, no ano, o recuo chega a 14,18%.

As discussões sobre o aumento do teto de endividamento dos Estados Unidos e também as ameaças de rebaixamento pelas agências de classificação de rating devem continuar a trazer volatilidade para o mercado financeiro global. Na última semana, Moody’s e Standard & Poor's (S&P) colocaram o rating AAA dos Estados Unidos em observação.

A S&P informou que a nota poderá ser rebaixada no final de julho se o risco de moratória crescer. Ao mesmo tempo, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e políticos do partido Republicano continuam em busca de um acordo para evitar um possível calote da maior economia do mundo.

“O limite legal de emissão da dívida deve ser alcançado no dia 2 de agosto. Caso nada seja feito, a economia dos Estados Unidos pode sofrer bastante com o não pagamento de títulos ou obrigações do governo americano”, destaca a equipe de pesquisa do Banco Fator, liderada pela analista Lika Takahashi.

Na Europa, a tensão envolvendo a situação fiscal de diversos países também chama a atenção. Líderes e ministros das Finanças continuam conversando em busca de um segundo pacote de ajuda à Grécia. O primeiro-ministro grego já disse que o país fez o máximo que era possível para evitar um default (calote) e que agora cabe as autoridades europeias chegarem a um acordo que pode ainda incluir a participação do setor privado.

Não apenas isto, o mercado europeu ainda começa a semana repercutindo o resultado dos testes de estresse no setor financeiro. Segundo a Autoridade Bancária Europeia (EBA, na sigla em inglês), oito bancos não passaram nos testes e precisariam levantar um total de aproximadamente 2,5 bilhões de euros em capital para atingirem o nível mínimo de solidez financeira exigido pela instituição. Na última sexta-feira, as bolsas na Europa fecharam antes da divulgação dos resultados e, na maioria, caíram, à sua espera.

“As autoridades financeiras europeias e o Fundo Monetário Internacional (FMI) deverão voltar a se reunir em busca de consenso sobre o que fazer em relação à crise na Grécia, pois essa contínua elevação dos juros dos títulos espanhóis e italianos expressa com clareza quão urgente é encontrar uma solução ‘convincente’ para a crise”, destaca a equipe de pesquisa do BanifInvest, liderada pelo analista Oswaldo Telles.

“A Europa e os Estados Unidos continuarão juntos, de mãos-dadas com suas crises, concentrando toda a atenção dos agentes no mercado. Qualquer novidade em relação à elevação do teto da dívida nos Estados Unidos, ou planos de regaste na Europa, tendem a impactar o humor dos investidores de forma substancial”, completa a equipe de pesquisa da Coinvalores, liderada pelo analista Marco Aurélio Barbosa.

Entre os indicadores econômicos previstos para EUA e Europa, destaque para a bateria de dados do mercado imobiliário americano, incluindo confiança do construtor, novas construções, vendas de moradias usadas e preços residenciais, além dos importantes Indicadores Antecedentes de atividade econômica do Conference Board, previsto para quinta-feira (21), junto com a Sondagem Industrial do Escritório do Federal Reserve da Filadélfia. Na Europa, sai a confiança do consumidor da zona do euro na quarta-feira (20), além do Índice Zew de confiança na economia da Alemanha, considerada a locomotiva do Velho Continente.

Brasil: decisão do Copom é destaque em agenda carregada

Na cena interna, os olhos dos investidores se voltam na quarta-feira (20) para a decisão do Copom. “Acreditamos que a taxa será elevada para 12,50% e que o comunicado emitido após a reunião deixará em aberto a possibilidade de que o ciclo de alta tenha continuidade, dado que o risco de inflação permanece elevado, assim como o nível de incertezas em relação ao cenário”, afirma o BanifInvest.


A equipe do Banco Fator também compartilha a mesma projeção. “A expectativa é que a Selic deve ser elevada em 0,25 ponto percentual, para 12,50% ao ano. O ambiente econômico incerto no exterior, aliado à inflação elevada no Brasil, devem ser razões para a manutenção dessa estratégia.”

Ao longo da semana serão divulgados dados de inflação. O principal é o IPCA-15 de julho. O mercado acompanha ainda a publicação do IGP-M, referente ao segundo decêndio de julho, além do IPC-Fipe e IPC-S. Números do mercado de trabalho brasileiro também estão previstos. Na terça-feira (18), sai a taxa de desemprego divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“A taxa tem permanecido em patamares muito baixos, atingindo recordes históricos, sendo ela uma das principais responsáveis pela inflação estar tão elevada nos últimos nos últimos meses”, opina o time de analistas do Banco Fator. Além disso, dados do Caged sobre a criação de empregos formais em junho também serão conhecidos nos próximos dias.

Temporada de resultados corporativos ganha fôlego

Lá fora, o mercado repercute ainda os balanços trimestrais, relativos ao segundo trimestre de 2011, que serão apresentados por diversas companhias. Na segunda-feira, IBM, Hasbro e Halliburton publicam seus números. Os dados da Coca-Cola, Harley-Davidson, Bank of New York, Bank of America, Wells Fargo, Goldman Sachs, Delta Airlines, Apple e Yahoo serão apresentados na terça-feira.

O resultado da BlackRock, American Express, eBay e Intel sai na quarta-feira. Já na quinta é a vez do New York Times, Alliance Data Systems, Whirlpool, Pepsico, Philip Morris, Morgan Stanley, AT&T, Union Pacific e Microsoft. A semana termina com McDonald’s, General Electric, Caterpillar, Xerox e Ford apresentando os números na sexta-feira.

Entre as notícias corporativas no Brasil, termina na segunda-feira o período de reserva para os investidores interessados em participar do IPO da Copersucar. Na oferta primária, a empresa vai lançar 86,5 milhões de ações ordinárias; e, na secundária, 21,6 milhões de ações. A faixa de preço sugerida é de 14,50 reais por papel a 18,50 reais.

O calendário ainda reserva os resultados de Natura e Net na quinta-feira, enquanto a Weg apresenta seu balanço na sexta-feira.

Acompanhe tudo sobre:AçõesIbovespaMercado financeiro

Mais de Mercados

Dólar fecha em queda de 0,84% a R$ 6,0721 com atuação do BC e pacote fiscal

Entenda como funcionam os leilões do Banco Central no mercado de câmbio

Novo Nordisk cai 20% após resultado decepcionante em teste de medicamento contra obesidade

Após vender US$ 3 bilhões, segundo leilão do Banco Central é cancelado