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Siderúrgicas brasileiras devem ter segundo semestre difícil na Bolsa

Após um início de ano positivo, Gerdau, Usiminas e CSN vão enfrentar um cenário de demanda fraca por aço; retomada é esperada somente para 2020

Operação da Gerdau: mercado vê retomada só para 2020 (Foto/Getty Images)

Operação da Gerdau: mercado vê retomada só para 2020 (Foto/Getty Images)

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Juliana Estigarribia

Publicado em 27 de setembro de 2019 às 06h00.

Última atualização em 29 de novembro de 2019 às 13h21.

São Paulo - O ano começou promissor para as siderúrgicas, diante da perspectiva de retomada da economia brasileira. No entanto, com a rápida deterioração dos indicadores domésticos e a guerra comercial entre Estados Unidos e China, os papéis das empresas do setor vêm sendo impactados de forma significativa. Para analistas, uma recuperação contundente só deve acontecer em 2020.

No acumulado do ano até esta quarta-feira, 25, as ações da Usiminas tiveram a maior queda entre as siderúrgicas listadas na bolsa de valores brasileira (B3), de 19,13%. Os papéis da Gerdau recuaram 13,88% na mesma base e, no caso da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a situação só não é a mesma porque a alta dos preços do minério de ferro favoreceu a empresa: as ações subiram 37,9% desde janeiro.

“Em termos de volumes de aço, não vejo reação no Brasil. A recuperação, prevista para o final deste ano, ainda deve ser muito gradual”, afirma Rafael Passos, da Guide Investimentos.

Para Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, o mercado siderúrgico vem andando de lado no Brasil e o quadro se agrava com a guerra comercial entre EUA e China e a crise na Argentina.

“Embora tenhamos uma queda na taxa de juros e a expectativa de aprovação da reforma da Previdência, o que deve destravar investimentos, sabemos que existe uma demora nos mercados em absorver isso tudo.”

Apesar de a baixa demanda por aço ser um ponto de convergência entre as siderúrgicas listadas na B3, o minério de ferro confere uma situação um pouco mais confortável para a CSN. Desde o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, em 25 de janeiro, as cotações da commodity tiveram um avanço próximo a 50%, uma vez que a gigante brasileira é considerada a maior do mundo. Eventos climáticos na Austrália - outro grande player global no setor - também contribuíram para elevar os preços do minério.

Neste cenário, a CSN é a siderúrgica que melhor deve se sair na B3 este ano, por ter uma forte operação de minério de ferro - a mina Casa de Pedra é responsável pelo segundo maior volume de exportações da commodity no Brasil, atrás apenas da Vale. As ações do conglomerado de Benjamin Steinbruch tiveram o melhor desempenho da Bolsa no primeiro semestre de 2019 e a expectativa para a segunda metade do ano também é positiva.

Já a Gerdau compensa uma parcela das perdas domésticas com suas operações nos Estados Unidos, de onde vem boa parte da sua receita. Além disso, o mercado enxerga um aquecimento do setor imobiliário, no Brasil, para o início de 2020, o que deve favorecer a siderúrgica gaúcha, que tem nos aços longos seu principal negócio.

“As empresas de construção voltaram a captar, estão bastante ativas. Vemos fundamentos principalmente para a recuperação dos papéis da Gerdau”, diz Adriano Cantreva, sócio da Portofino Investimentos.

Entre altos e baixos, a Usiminas é a siderúrgica com situação mais frágil, uma vez que mais de 80% da sua receita vem do mercado interno. “As empresas que dependem muito da formação bruta de capital fixo [investimentos em bens de produção] ainda vão sofrer neste segundo semestre”, diz Arbetman.

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