GERDAU: anúncio de OPA agitou as ações da companhia nesta quarta-feira (Germano Luders/Site Exame)
Da Redação
Publicado em 14 de novembro de 2016 às 17h57.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h29.
Virou rotina. Desde que o nome de Donald Trump se confirmou como futuro presidente dos Estados Unidos, três setores têm dominado as altas do Ibovespa e se destacado do índice que acumula uma queda de 7,4% desde a eleição do empresário.
A principal valorização vem do setor de siderurgia. As ações da siderúrgica Gerdau são o maior exemplo, já subiram quase 18% desde a última quarta-feira 9, adicionando 3,1 bilhões de reais no valor de mercado da companhia. O Brasil é um tradicional exportador de aço para o mercado americano e, como Trump prometeu investir 500 bilhões de dólares em infraestrutura nos próximos 5 anos, a expectativa de investidores é que mais aço seja usado na empreitada. Um problema: atualmente o aço brasileiro já sofre com sobretaxas de 11% em seus preços nos Estados Unidos e, assim como prometeu investir em infraestrutura, Trump também afirmou que iria aumentar ainda mais produtos vindos de fora, como é o caso do aço. “Mesmo que Trump suba as taxas, acho difícil que consiga impedir aço brasileiro de entrar no país. Além disso, seria uma estratégia burra, já que a indústria precisará deste aço”, diz o economista Gesner Oliveira, da consultoria GO Associados.
O minério de ferro também tem avançado na China, com a expectativa de uma maior demanda nos próximos anos aumente à medida em que Trump colocar seu plano de investimento em infraestrutura em prática. Como reflexo, as ações preferenciais da mineradora Vale já subiram 9,4% desde então. Mas analistas ressaltam que é preciso tomar cuidado, já que grande parte dessa alta é fruto de uma expectativa de melhora e não de algo concreto.
O avanço do dólar, que já subiu 8,8% desde a última quarta-feira, tem movimentado as ações das exportadoras de papel e celulose. Juntas, Fibria, Suzano e Klabin já ganharam 6 bilhões de reais em valor de mercado em menos de uma semana. O dólar mais caro, é claro, ajuda a receita dessas companhias, mas pode não ser tão fácil para elas apresentar grandes avanços no próximo ano. Essas companhias têm sofrido com a queda no preço da celulose em seus principais mercados, a Europa e a China. Este ano, o preço da celulose já caiu 20% na China e 18% na Europa. “A perspectiva do preço da celulose continua pressionada. Tem muitas empresas aumentando a capacidade de celulose ao redor do mundo”, diz Rafael Ohmachi, analista da corretora Guide.