Shopping Vila Olímpia: ações devem interromper ritmo de altas após forte valorização anual (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 8 de dezembro de 2010 às 07h12.
São Paulo - Na lista das melhores performances de ações desde janeiro, cerca de 33% à frente do Ibovespa, e emplacando sólidos resultados trimestrais ao longo do ano, o setor de shopping centers terminará 2010 como um dos destaques da BM&FBovespa. No entanto, o cenário para 2011 é um pouco menos otimista, e os investidores devem rever suas posições.
O alerta parte dos analistas Marcelo Millman e Alexandre Queiroz, do Credit Suisse, em relatório dessa terça-feira (7). “Acreditamos que as ações já incorporaram as expectativas de crescimento significativo em seus altos níveis de valorização”, argumentam. O banco rebaixou as recomendações e estimativas para os shoppings em 2011, sustentando que o bom momento do setor já foi “perfeitamente precificado”, mesmo que o ambiente macroeconômico continue favorável.
"Mesmo que a tendência positiva para o segmento permaneça, acreditamos ser pouco provável que as companhias mostrem boas surpresas”, afirmam.
Menos atraente
Com o fôlego se esgotando, o setor perde vantagem competitiva quando comparado a aplicação em outros segmentos, sustenta o Credit. “Os retornos são relativamente modestos se levarmos em conta sua característica de investimento intensivo.O crescimento dos lucros fica abaixo de setores mais diretamente ligados ao consumo, como saúde e varejo, por exemplo”, dizem. Conheça a revisão das estimativas do Credit Suisse para o setor de shoppings nacionais em 2011 e as novas recomendações para as ações do setor:
- Alliansce
Dona da avaliação predileta do para o segmento de shoppings, a Alliansce (ALSC3) teve a recomendação reduzida de outperform (desempenho acima da média do mercado) para neutral (na média com o mercado) após a valorização de 25% desde janeiro. O viés, no entanto, permanece positivo, diante de seu portfólio “jovem” de shoppings – a maioria tem menos de 5 anos – e sua alta exposição ao segmentos voltados às classes B e C. “O cenário é otimista, e pode gerar crescimento acima da média”, aposta o banco. Outra vantagem apontada pelo banco de investimentos é a baixa liquidez dos papéis, que pode ajudar a prevenir o total desconto da valorização conquistada. O preço-alvo para dezembro de 2011 foi aumentado de 14,50 reais para 17 reais.
- BR Malls
Ainda que tenha recebido todas as ressalvas destinadas ao setor, a BR Malls (BRML3) também ganhou um viés otimista para refletir a estratégia de crescimento agressiva e multifacetada, que pode garantir valorização adicional aos papéis. “A diversificação ainda não foi precificada e pode gerar ganhos acima da média, diferenciando a companhia de seus competidores”, dizem os analistas. A ação teve preço-alvo revisado de 16,50 reais por ação para 19 reais por ação em dezembro de 2011, e recomendação cortada de outperform (acima da média do mercado) para neutra (em linha com o mercado).
- Multiplan
A recomendação neutra foi mantida, enquanto o preço-alvo da ação (MULT3) foi revisto de 40 para 42 reais por ação. Apesar de ser definida pelo Credit Suisse como a dona do portfólio com melhor performance do mercado, a companhia tem entregue, no entanto, as menores margens. “A empresa falha, em nossa avaliação, na tentativa de destravar o potencial de seus empreendimentos”, avalia o banco. Possíveis catalisadores para as ações poderiam ser gerados com a inauguração do projeto Ribeirão Shopping em outubro do ano que vem, e seu impacto positivo nos resultados do quarto trimestre.
- Iguatemi
É a dona das perspectivas menos otimistas quando comparada às suas concorrentes. A recomendação para o papel (IGTA3) foi rebaixada de neutral para underperform (abaixo da média do mercado) após uma alta valorização durante o ano, que a levou a ser negociada com um prêmio de 10 a 15% em relação a seus pares. O preço-alvo para 2011 também foi revisto, de 40 para 43 reais. “Acreditamos que a empresa está menos atraente comparada à seus similares, mesmo que olhemos para seus múltiplos de longo prazo”, avalia o Credit. Os analistas ressaltam ainda a inexistência de catalisadores no curto-prazo. ”Vemos a companhia se beneficiando menos da aceleração da inflação, e sua exposição maior ao IPCA que seus pares”.