Bolsa de Xangai: queda acumulada na semana passa de 10% na Ásia e na Europa (Aly Song/Reuters)
Da Redação
Publicado em 28 de fevereiro de 2020 às 06h47.
Última atualização em 28 de fevereiro de 2020 às 07h09.
São Paulo — As bolsas europeias e asiáticas dão o tom de pessimismo aos mercados globais nesta sexta-feira. Após sucessivas quedas ao longo da semana em meio aos temores de que o coronavírus vire uma pandemia global, as bolsas asiáticas atingiram níveis parecidos aos que tinham em fevereiro do ano passado — na prática, anulando todos ou quase todos os ganhos de 2019.
A sexta-feira começou com uma escalada ainda maior na tensão. O Vix, conhecido como índice do medo e que mede a previsão de volatilidade no próximo ano, abriu o dia em alta de 70%, para 47 pontos, no maior valor desde 2008. A queda nas ações continua, colocando a Europa em “território de correção”.
O mercado considera “correção” quando o índice cai 10% em relação à alta das últimas 52 semanas, ou seja, ao longo do último ano. Sete mercados no Oriente, que já encerraram as operações nesta sexta-feira, estão nessa posição: Japão, China, Hong Kong, Coreia do Sul, Austrália, Singapura e Tailândia. Na Tailândia, a queda acumulada em relação ao último ano é de 20%.
O número de casos de doença causada pelo novo coronavírus é de 83.719, incluindo novo boletim divulgado nesta madrugada pelo governo chinês. Fora da China, há 4.895 casos segundo as últimas informações na manhã desta sexta-feira, com temores de que a doença siga se espalhando para além da Ásia e fique incontrolável em países como a Índia, que tem 1,3 bilhão de habitantes e problemas em seu sistema de saúde. A Organização Mundial da Saúde afirmou na quinta-feira que o coronavírus pode, em breve, ser considerado uma pandemia global.
As quedas da semana nos mercados foram coroadas por mais um dia de baixas nos pregões desta sexta-feira. O índice chinês que CSI 300, que combina empresas de Xangai e Shenzen, fechou em queda de 3,6%. Em Hong Kong, o principal índice caiu 2,4%.
O índice global MSCI ACWI, que tem empresas de mais de 40 países, entre desenvolvidos e emergentes, fechou a quinta-feira em baixa de 9% no acumulado de 2020. Se a baixa for confirmada ao fim do pregão desta sexta-feira nos mercados ocidentais, pode fechar a pior semana desde a crise financeira de 2008.
Nos Estados Unidos, o S&P 500, índice com as maiores empresas do país, fechou a quinta-feira em baixa de 4,4%. O índice acumula queda de 12% desde o último recorde, em 19 de fevereiro, e os outros índices americanos, como Dow Jones e Nasdaq, também seguem quedas parecidas.
No Brasil, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, fechou a quinta-feira a 102.983,54, queda de 2,69%. No dia anterior, já havia caído 7%, o maior recuo desde o “Joesley Day”, em 2017. O patamar é similar ao de julho e agosto do ano passado, quando o índice beirava os 102.000 pontos antes de começar a subir rumo aos 115.000 com os quais terminou o ano. No ano de 2020, o Ibovespa acumula queda de 13%. Em 2019, o Ibovespa fechou o ano em alta acumulada de 31,58%. O dólar bateu novo recorde ontem: 4,47 reais.
Enquanto isso, o Ministério da Saúde vai antecipar para março a vacinação contra a gripe comum, o que pode ajudar a diagnosticar novos casos de coronavírus. O número de casos suspeitos no país já passa de 300, numa expansão turbinada após a confirmação do primeiro caso no Brasil nesta semana.