Carteira EXAME: João Tonello, analista CNPI-P, que venceu por dois anos consecutivos (Benndorf/Divulgação)
Repórter de finanças
Publicado em 3 de fevereiro de 2025 às 10h21.
Última atualização em 3 de fevereiro de 2025 às 10h44.
O cenário no ano passado foi extremamente desafiador para a renda variável, muito por conta do macro. Quem se antecipou a isso, saiu ganhando. É o caso de João Tonello, analista CNPI-P e responsável pela carteira recomendada da Benndorf Research.
Tonello foi vencedor, pelo segundo ano consecutivo, da carteira recomendada da EXAME Invest em 2024, com uma rentabilidade de 23,03% em detrimento da queda do Ibovespa de 10,33%. O segundo lugar da carteira ficou com a BB Investimentos – mas distante do primeiro, com uma rentabilidade de apenas 1,41%.
O diferencial para tamanho retorno, mesmo em um cenário adverso, foi a projeção de que o Brasil enfrentaria uma subida de juros em 2024, ao contrário do que o restante do mercado previa. Ou seja, um pessimismo muito maior do que os demais.“Estávamos indo na contramão de todo mundo, sendo mais conservador em relação à taxa de juros. Na nossa visão, a Selic deveria disparar e impactar a bolsa negativamente. Isso fez a gente desenvolver um resultado positivo ao longo do ano”, pontua.
Segundo o analista, era possível prever que haveria uma questão de gestão do governo que levaria a preocupações com a dívida pública – fato que se concretizou desde a mudança nas metas fiscais, em abril, até a entrega do pacote fiscal que desagradou ao mercado, em novembro.
Sabendo disso, a estratégia foi evitar empresas endividadas, já que durante uma alta de juros, há um problema no valuation.
“Saímos de Simpar (SIMH3), que é um exemplo de uma empresa muito endividada. Ela basicamente teve uma queda de 63,55% no ano, foi a maior queda anual desde sua criação em 2013. Vamos (VAMOS3) eu carreguei muito e me desfiz também em 2024.”
Ao invés de empresas alavancadas, a estratégia foi apostar em companhias mais sólidas e exportadoras, como Aura (AURA33), Embraer (EMBR3) e JBS (JBSS3), já que possuem receita em dólar. No ano passado, a divisa se fortaleceu 27,3%.
E esse também foi um diferencial do analista, que afirma ter vindo com um peso muito maior de exportadoras na carteira do que outras casas.
Com a eleição de Donald Trump e as projeções para maiores pressões inflacionárias por lá – fato que fortalece o dólar – Tonello diz que a estratégia para 2025 segue igual: focar bastante em exportadoras, principalmente de commodities.
“2025 para mim é um ano em que temos que observar os passos do Trump. A depender do quão intenso ele seja nas tomadas de decisões dele, ele vai ordenar um fluxo de capital internacional. Toda essa questão de acordos, de taxação, de interferências internacionais. Tudo isso vai influenciar em commodities. 2025 é um ano de commodities.”
Para Tonello, não há indícios de que o dólar irá se enfraquecer ao longo do ano e fique abaixo dos R$ 5,50.