Logo do Twitter (TWTR34) é exibido em telão da bolsa de Nova York (Brendan McDermid/Reuters/Reuters)
O ex-chefe de segurança do Twitter (TWTR34), Peiter Zatko, apresentou nesta terça-feira, 23, uma denúncia contra a rede social, acusando-a de não proteger dados confidenciais de usuários e mentir sobre seus problemas de segurança e sobre o número de contas falsas presente em sua plataforma.
A acusação do ex-funcionário do Twitter chega algumas semanas antes da batalha judicial contra Elon Musk, que desistiu de comprar a empresa por US$ 44 bilhões no mês passado.
Zatko, que teria sido demitido do cargo de chefe de segurança do Twitter no início deste ano, apresentou a queixa no mês passado à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês).
Ele teria atuado como "whistleblower", palavra em inglês que identifica os informantes internos anônimos que denunciam as empresas onde atuam, ou atuavam.
O ex-chefe de segurança do Twitter alega ter descoberto "deficiências extremas e flagrantes do Twitter em todas as áreas de seu mandato”, incluindo privacidade, segurança digital e física, integridade da plataforma e moderação de conteúdo.
Entre as alegações de Zatko estão que os executivos do Twitter, incluindo o CEO, Parag Agarwal, subestimaram deliberadamente a prevalência de contas falsas e de spam na plataforma.
A denúncia aponta explicitamente um tuíte publicado em maio por Agrawal, onde o executivo salientou como o Twitter foi "fortemente incentivado a detectar e remover o máximo de spam possível".
Para Zatko, "o tuíte de Agrawal era uma mentira", pois o CEO "sabe muito bem que os executivos do Twitter não são incentivados a 'detectar' ou relatar com precisão o total de bots de spam na plataforma".
Segundo o ex-chefe de segurança, os executivos do Twitter são incentivados a não contabilizar as contas falsas como "usuários ativos monetizáveis" (mDAUs), pois essa métrica é fornecida pelo Twitter aos anunciantes. Também haveria pouco incentivo para detectar contas de spam no grande número de contas que não contam como mDAUS.
Caso sejam comprovadas, essas alegações poderiam complicar ainda mais a batalha do Twitter com Musk, que a empresa processou em julho para força-lo a concluir o acordo de aquisição.
Musk alegou que o Twitter não revelou corretamente o número de contas falsas e o nível do spam na plataforma.
O julgamento está programado para começar em outubro e terá uma duração-relâmpago, de apenas cinco dias.
Segundo uma porta-voz do Twitter, Zatko foi demitido "por liderança ineficaz e desempenho ruim" e que a queixa "está repleta de inconsistências e imprecisões e carece de contexto importante".
“Segurança e privacidade têm sido prioridades de toda a empresa no Twitter e continuarão sendo”, salientou a porta-voz.
Um advogado de Musk informou que "já foi emitida uma intimação para Zatko e achamos as demissões dele e de outros funcionários-chave curiosas à luz do que descobrimos”.
As ações do Twitter estão operando em queda na Nasdaq no começo do pregão desta terça-feira, caindo 4,41% às 12h no horário de Brasília.