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SEC aperta cerco aos negócios de alta frequência

Agência quer estender a fiscalização sobre os negócios de alta frequência feitos automaticamente por computadores e sobre as bolsas privadas


	Bolsa de Nova York: “Flash boys” estão na mira da SEC
 (Stan Honda/AFP)

Bolsa de Nova York: “Flash boys” estão na mira da SEC (Stan Honda/AFP)

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Da Redação

Publicado em 5 de junho de 2014 às 17h48.

São Paulo - A Securities and Exchange Commission (SEC, reguladora do mercado de capitais americano) vai apertar o certo às negociações eletrônicas de alta velocidade e às bolsas particulares criadas pelos bancos e corretoras, as chamadas “dark pools”.

Segundo a presidente da SEC, Mary Jo White, a ideia é estender a fiscalização sobre os negócios de alta frequência feitos automaticamente por computadores e sobre as bolsas privadas.

Entre as regras anunciadas pela presidente da SEC em evento promovido por representantes do mercado, bancos e executivos de bolsas em Manhattan está a exigência que os operadores de alta frequência tenham de se registrar como corretoras, o que os colocaria sob a jurisdição das autoridades fiscalizadoras.

Esses operadores, que usam estratégias automatizadas de compra e venda de ações, têm escapado da fiscalização direta do governo por se colocarem como agentes independentes, e não instituições de mercado.

A SEC está também desenvolvendo salvaguardas para limitar negociações mais agressivas que podem levar a oscilações muito fortes de preços das ações quando outros operadores saem do mercado.

Segundo agências internacionais, Mary Jo White está tentando tornar mais transparentes as atividades desse segmento, que responde por dois terços dos negócios no mercado de ações americano fora do radar do público e dos reguladores.

Flash boys

A discussão sobre os negócios de alta frequência ganhou corpo no mercado americano este ano com a repercussão do livro do jornalista americano Michael Lewis, “Flash Boys”.

Nele, Lewis, que já trabalhou no mercado, descreve o crescimento das operações de alta frequência e como elas foram usadas por alguns operadores para tirar vantagem dos que não as possuíam, detectando movimentos em determinados papéis e operando antes.

Assim, um investidor dava uma ordem de compra a um preço, mas quando a ordem chegava na bolsa, o preço já tinha subido, e vice-versa.

Outra preocupação é com o impacto que os sistemas automáticos podem ter nos mercados, ao amplificar erros ou influenciar preços.

A Bloomberg observa que esses sistemas operacionais estiveram ligados ao “Flash Crash” da bolsa em 2010 e à forte oscilação dos preços na crise da dívida dos países europeus.

Em 2010, uma ordem errada fez a bolsa americana perder US$ 862 bilhões em valor de mercado em segundos ao desencadear vendas generalizadas dos sistemas automáticos.

Ligação direta

Agora, esses operadores terão de enfrentar novas regras para limitar práticas que, segundo especialistas, prejudicariam outros participantes.

No livro, Lewis cita como os Flash Boys, um grupo de operadores de Wall Street, usavam os sistemas eletrônicos para acompanhar as ordens dadas na bolsa BATS para antecipar a procura e a oferta por ações em outras bolsas e comprar e vender os papéis antes.

negócio era tão lucrativo que o grupo financiou a instalação de cabos de fibra ótica ligando a bolsa a seus escritórios, para ganhar mais velocidade na obtenção das informações.

A presente da SEC disse que as medidas serão tomadas gradualmente.

“À medida que avançarmos para a nova fase de nossos esforços para fortalecer a estrutura do mercado, eu recomendarei medidas adicionais para promover a estabilidade dos mercados e igualdade de condições, ampliar a transparência e informações, construindo mercados mais efetivos para pequenas empresas”, disse.

Bolsas sob o holofote

A presidente da SEC anunciou também que as bolsas de valores vão passar por um pente-fino das autoridades.

A SEC deve rever as dezenas de tipos de ordens das diferentes bolsas, que são motivo de reclamação por complicar as operações e beneficiar pouco o público, segundo afirmou à Bloomberg o presidente da Intercontinental Exchange Inc (ICE), dona da Bolsa de Nova York, Jeffrey Sprecher.

As autoridades devem trabalhar com as bolsas para atender as reclamações sobre como as informações de preços e negócios chegam ao público.

Operadores que usam linhas diretas vendidas pelas bolsas obtêm ordens e preços mais rapidamente do que outros investidores que usam os sistemas gerais.

Esse foi outro problema citado no livro “Flash Boys” pelo presidente da empresa de plataformas de negociação IEX Group, Brad Katsuyama.

Dark pools

As “dark pools”, bolsas de negociação criadas por corretoras e bancos, que competem com as bolsas oficiais e não fornecem dados de ofertas de compras e vendas, terão de prestar mais informações sobre como conduzem as ordens, alertou a presidente da SEC.

Com que bolsa

O regulador americano também vai promover o debate sobre como as corretoras encaminham as ordens de seus clientes institucionais. A SEC criará um requerimento para que os corretores digam aos clientes onde seus negócios serão executados.

O motivo da exigência são as reclamações de que a decisão de onde comprar ou vender determinada ação, diante do grande número de bolsas e sistemas de negociação do mercado americano, acaba às vezes indo contra os interesses dos investidores.

Mary Jo White informou também que criará uma comissão com participantes do mercado e investidores para acompanhar as mudanças e verificar se elas não provocarão fragmentação e um aumento da complexidade das operações no mercado.

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