Mario Leão, CEO do Santander Brasil: banco apresentou lucro de R$ 3,664 bilhões no 3º tri (Santander Brasil/Divulgação)
Repórter de Invest
Publicado em 29 de outubro de 2024 às 15h34.
Última atualização em 30 de outubro de 2024 às 15h41.
“Estou contente com o resultado, mas ele ainda não reflete o patamar onde eu quero colocar o banco”, declarou Mario Leão, CEO do Santander Brasil, ao comentar os resultados da companhia no terceiro trimestre.
O banco bateu as estimativas de mercado e apresentou um lucro de R$ 3,664 bilhões – acima dos R$ 3,5 bilhões esperados pelo consenso Bloomberg.
“Precisamos celebrar mas, no passo seguinte, lembrar que é preciso fazer muito mais. Temos que ir do ‘muito bom’ para o ‘ótimo’”, reforçou Leão em coletiva com jornalistas nesta terça-feira, 29.
Não existe uma meta aberta de qual seria o nível ideal a atingir, mas o primeiro objetivo é retomar o patamar perdido com a crise pós-pandemia.Como outros pares, o Santander acelerou no crédito quando os juros baixaram à mínima histórica e enfrentou um repique da inadimplência quando a inflação e a Selic voltaram a subir.
A derrocada foi rápida: o banco levou pouco mais de um ano para sair de seu lucro recorde para seu pior resultado da década: R$ 4,34 bilhões em lucro no terceiro trimestre de 2021 contra R$ 1,68 bilhão no quarto trimestre de 2022. O caminho inverso, por outro lado, não é tão simples: “Você não muda uma operação de R$ 2 bilhões para R$ 4 bilhões em um trimestre.”
Os sinais animadores vêm, principalmente, do retorno sobre patrimônio líquido (ROE), que indica a capacidade do banco de rentabilizar seu capital. O Santander saiu da casa dos 20% de ROE para um piso na faixa dos 10% em seu pior momento de 2022. Atualmente o indicador está em 17%. “No ano passado, muitos analistas não acreditavam que chegaríamos nem no nosso custo de capital, que é de 13,9%.”
Com um novo ciclo de alta de juros pela frente, Leão reforça que o banco está muito mais balanceado para enfrentar o cenário macroeconômico. Existe, no entanto, uma ressalva colocada pelos analistas do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME). Para eles, a recuperação do Santander pode demorar a engatar em um cenário onde os juros seguem acima de dois dígitos – e com tendência de alta.
“A potencial deterioração do ambiente macroeconômico e os spreads mais reduzidos em atacado e consignado sinalizam desafios para o crescimento no próximo trimestre, possivelmente atrasando a recuperação total do ROE”, escreveram.
A carteira de crédito do atacado foi um dos pontos de atenção do balanço: o segmento de grandes empresas caiu 6,6% na comparação trimestral e puxou o saldo total da carteira para uma leve baixa de 0,3% no período.
De olho nos riscos, as units do Santander são negociadas em queda de mais de 2% na tarde desta terça-feira e ficam entre as maiores baixas do dia.