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Sabesp e Oi fecham ano recorde de captações externas

Empresas brasileiras captaram US$ 40,7 bilhões em 2010; ano acaba com aumento nos custos

A Oi captou 750 milhões de euros nessa quinta-feira (Marcelo Correa/EXAME)

A Oi captou 750 milhões de euros nessa quinta-feira (Marcelo Correa/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 10 de dezembro de 2010 às 14h01.

Nova York - Com o aumento do custo de captação no mercado internacional, as emissões da Cia. de Saneamento Básico do Estado de São Paulo e da Telemar Norte Leste SA devem ser as últimas de um ano recorde para venda de papeis brasileiros no exterior.

A Sabesp, maior empresa de saneamento do País, vendeu ontem US$ 350 milhões em títulos com prazo de 10 anos e a Telemar, maior operadora brasileira de telefonia fixa, vendeu 750 milhões de euros em notas com vencimento em sete anos. As ofertas vieram a mercado após um período de três semanas sem operações e elevaram a captação em 2010 a US$ 40,7 bilhões, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Já as empresas mexicanas captaram US$ 26 bilhões este ano.

Pode não haver mais captações neste mês porque o receio com a crise de crédito na Europa está reduzindo a demanda por ativos de mercados emergentes. Além disso, a alta do rendimento dos títulos do Tesouro americano eleva os custos de financiamento para as empresas brasileiras. O rendimento dos bônus corporativos brasileiros subiu 58 pontos-base, ou 0,58 ponto percentual, desde 4 de novembro, quando estavam no menor patamar já registrado, de acordo com o JPMorgan Chase & Co.

“É o fim do ciclo para o ano”, disse Vinícius Pasquarelli, operador de dívida de mercados emergentes em Nova York na Tradition Asiel Securities Inc., uma unidade da corretora de corretoras Compagnie Financiere Tradition SA, sediada em Lausanne, na Suíça. Os tomadores de empréstimo “provavelmente só vão voltar no ano que vem”, disse ele numa entrevista por telefone.

Custo sobe

Sabesp e Telemar foram as primeiras empresas brasileiras a acessar os mercados internacionais desde que o Itaú Unibanco Holding SA vendeu R$ 500 milhões em títulos denominados em moeda local no exterior em 16 de novembro. O Banco Bradesco SA, o Banco Industrial e Comercial SA e o Banco BVA SA suspenderam ofertas naquela mesma semana, quando a piora do mercado e a investigação de possível fraude no Banco Panamericano SA levaram a uma disparada dos rendimentos.

O total de US$ 1,3 bilhão levantado por empresas brasileiras nesta semana é a maior quantia desde a semana encerrada em 10 de novembro, segundo dados da Bloomberg.

O resgate da Irlanda pelo Banco Central Europeu no mês passado não foi capaz de acabar com temores de contágio que se espalharam pelos mercados de títulos da região do euro. Governos da União Europeia se comprometeram a fornecer 440 bilhões de euros (US$ 582 bilhões) para o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira.

Hedge natural

“O pano de fundo macro pode piorar ainda mais, este é o dilema das pessoas”, disse André Silva, co-chefe de mercados de capitais de dívida do Deutsche Bank AG em Nova York. “É este o debate que a maioria dos emissores tem: ‘Deveríamos colocar o pé na água agora num ambiente que não é ideal e sair à frente dos outros ou aguardar até janeiro e torcer para que o mercado esteja melhor?’”

A Telemar captou em euro porque quer um “hedge natural” para a compra de uma participação na Portugal Telecom SGPS SA, disse Alex Zornig, diretor financeiro da operadora brasileira. Em julho, a companhia portuguesa aceitou investir R$ 8,4 bilhões na Telemar, para participar do mercado celular no Brasil.

“Não quisemos arriscar e esperar para o ano que vem”, disse Zornig em entrevista por telefone do Rio de Janeiro. “Sempre estamos procurando alongar a dívida e reduzir custos. Aproveitamos a janela desse fim de ano para fazer isso.”
Essa foi a primeira captação em euros da Telemar.

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