São Paulo – Com a credibilidade fragilizada após graves erros de avaliação durante a crise financeira internacional, a Moody’s, Standard & Poor’s e Fitch Ratings - principais agências de rating do mundo – testemunham agora a chegada de uma concorrente que pode acirrar o mercado. A analista Meredith Whitney, uma das mais respeitadas de Wall Street, prepara a criação de sua própria companhia de análise de crédito.
Ex-funcionária da Oppenheimer, Meredith ganhou status ao publicar projeções pessimistas, e acertadas, sobre os bancos americanos antes do estouro da crise, principalmente para o Citi em 2007. Em novembro daquele ano, um relatório de Meredith provocou uma forte queda das ações do setor financeiro nos EUA. A analista projetava que o Citi precisaria cortar dividendos ou vender ativos para enfrentar uma perda de 30 bilhões de dólares em capital.
“Ninguém teve a coragem de imprimir o que eu escrevi no relatório”, disse a analista. Meredith aproveitou a fama conquistada em Wall Sreet e criou a própria empresa de análise. Com a
Meredith Whitney Advisory Group ela continuou com o seu prestígio junto aos investidores e a movimentar os mercados com os “calls” para as ações do setor financeiro.
Agora, a analista prepara mais um desafio. Em
entrevista publicada hoje no Financial Times, Meredith disse que pedirá registro para operar como uma agência de rating. A sua empresa já realiza a análise de crédito do mercado trilionário de títulos de dívida nos EUA, mas apenas as disponibiliza para os seus clientes. A ideia é alterar o modelo de negócios e passar a realizar ratings sob encomenda dos emissores, ou seja, o mesmo modelo de negócios da Moody’s e S&P.
“Estamos no processo de solicitar a licença ao NRSRO (Nationally Recognized Statistical Rating Organizations) com a intenção de ser um competidor formal para a S&P e a Moody’s”, disse ela ao FT. Apesar de utilizar o mesmo sistema que as outras agências, Meredith garante: “O nosso sistema é muito mais transparente e a credibilidade muito maior”, explicou.
Segundo ela, com as estruturas de compliance e de negócio bem consolidadas não há problemas de conflitos de interesse. As agências de rating têm sido alvo de críticas desde o estopim da crise. À época, muitos produtos financeiros estruturados e lastreados em hipotecas considerados AAA revelaram ter uma qualidade de pagamento muito abaixo da avaliada pelas agências.