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Rio Bravo projeta retração para a economia brasileira em 2022

Risco fiscal, eleições e inflação são alguns dos desafios que podem frear o PIB do Brasil no próximo ano

Inflação em alta, eleições de 2022 e juros elevados são alguns dos principais desafios | Foto: marchmeena29/GettyImages (marchmeena29/Getty Images)

Inflação em alta, eleições de 2022 e juros elevados são alguns dos principais desafios | Foto: marchmeena29/GettyImages (marchmeena29/Getty Images)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 29 de novembro de 2021 às 15h17.

Última atualização em 29 de novembro de 2021 às 16h10.

A gestora Rio Bravo passou a prever um cenário de retração no crescimento do Brasil em 2022. A estimativa para a queda do Produto Interno Bruto (PIB) é de 0,2%, com viés de baixa, considerando obstáculos como inflação em alta, elevação dos juros e falta de sustentabilidade fiscal.

Em relatório, a gestora destaca que os desafios para 2022 já começaram este ano, começando pela deterioração do cenário fiscal quando o governo propôs um drible na regra do teto de gastos para custear seu novo programa social, o Auxílio Brasil. A mudança – incluída dentro da PEC dos Precatórios – ainda está em discussão no Senado, mas já trouxe consequências. A principal delas foi o aumento do risco-país, que afasta os investidores do mercado brasileiro.

“A alteração atabalhoada no cálculo do teto de gastos para abrir espaço para gastos sociais e emendas parlamentares gerou dúvidas sobre o futuro das contas públicas e impactos de longo prazo na dívida pública”, afirma o relatório.

O cenário fica ainda mais incerto quando as eleições de 2022 são incluídas na conta. A gestora afirma que ainda é cedo para apontar um favorito, mas as últimas pesquisas colocam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual presidente Jair Bolsonaro como os mais fortes candidatos. Na pesquisa EXAME/IDEIA publicada no dia 12 de novembro, Lula aparece com 48% das intenções de voto, e Bolsonaro com 31%, em uma simulação de segundo turno.

“A disputa é centrada no passado, em uma política econômica que já cometeu muitos erros, e no presente, com um governo que teve diversas dificuldades na negociação política e no desenho de propostas de reformas. Há exemplos ruins em ambos os lados”, diz a gestora. A expectativa da casa é pelo surgimento de uma terceira opção que seja positiva para os mercados e para o crescimento econômico no longo prazo.

Para somar aos desafios políticos e fiscais, o descompasso entre oferta e demanda no comércio global pode continuar a pressionar os preços, contribuindo para a aceleração da inflação. A casa projeta que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve fechar 2021 em 10,2%, recuando a 5,0%, no fim do ano que vem, perto do teto da meta perseguida pelo Banco Central. Já a taxa básica de juros, a Selic, deve encerrar o ano em 9,25%, chegando a 11,75% em 2022. 

Tanto a projeção da inflação quanto do juro básico contam com viés de alta. “O cenário depende da situação fiscal e, principalmente, das sinalizações do novo governo”, aponta a gestora.

No exterior, a redução de estímulos monetários e a possível elevação das taxas de juros ao redor do mundo – em especial nos Estados Unidos – deve piorar o cenário para mercados emergentes.

Segundo a gestora, a antecipação da alta de juro pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano) para o terceiro trimestre de 2022 pode trazer mais volatilidade aos mercados, o que, juntamente com a desaceleração da China, deve aumentar as dificuldades para as economias em desenvolvimento. O PIB chinês que crescia em torno de 7% nos últimos anos deve desacelerar para perto de 5,0% até 2026.

A combinação de fatores desfavoráveis deve prejudicar o crescimento do Brasil no próximo ano. “Apesar de um crescimento próximo de 4,5% em 2021, o Brasil começará 2022 com grandes desafios: inflação e juros elevados, a necessidade de manutenção da sustentabilidade fiscal e a retomada da agenda para o crescimento de longo prazo”, conclui o relatório.

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