Ricardo Schweitzer, analista de investimentos (Divulgação/Divulgação)
Guilherme Guilherme
Publicado em 31 de agosto de 2022 às 06h53.
Última atualização em 3 de setembro de 2022 às 13h19.
O analista Ricardo Schweitzer e a Trópico Latin America Investments uniram forças para a criação de um fundo de ações com foco em dividendos, o primeiro da gestora com 20 anos de história.
“Percebemos que havia a oportunidade de montar uma carteira de ações de longo prazo sem a mesmo risco do value investing, formada por empresas maduras, sólidas e com previsibilidade de caixa”, afirmou Fernando Luiz, gestor e sócio-fundador da Trópico, em entrevista à Exame Invest.
O fundo já está rodando e terá rentabilidade divulgada quando completar seis meses, no fim de setembro. “É um produto para o investidor que quer entrar na bolsa, mas não está preparado para a volatilidade.”
A escolha por Ricardo Schweitzer para ser uma das cabeças por trás do fundo, disse Luiz, partiu da necessidade de alguém que entendesse de setores regulados, como energia e saneamento, e da admiração pelo trabalho do analista.
“Não dá para pegar um analista júnior para analisar empresas de concessão e não tínhamos as habilidades para isso dentro de casa. Como conheço o Ricardo há bom tempo e sempre recebi os relatórios de dividendos dele, decidi chamá-lo para ser o analista. Vamos fazer juntos esse trabalho."
Com passagem por algumas das principais casas de análise do país, desde o ano passado, quando deixou a Nord Research, Schweitzer vem atuando de forma independente -- atividade que afirma que será mantida, apesar do projeto em conjunto com a Trópico.
“Sigo como consultor independente de investimentos. Como já faço um produto de análise para dividendos, o trabalho adicional relacionado ao fundo é bastante pequeno”, contou Ricardo Schweitzer à Exame Invest.
Outros três analistas que atuam junto com Schweitzer, além da própria equipe de 12 profissionais da Trópico, contribuem com as decisões de investimento do fundo. O maior trabalho, no entanto, não está na seleção, e sim no acompanhamento das empresas do portfólio.
“O dia a dia de um fundo que não opera muito não é muito complicado. A maior complicação é trimestralmente, nas temporadas de resultados. Gostamos de comprar a ação e mantê-la por anos”, comentou Luiz.
A seleção das ações, segundo Schweitzer, passa pelos seguintes critérios: grande capacidade e previsibilidade na geração de caixa e necessidade de investimento relativamente baixa.
“Isso não nos empurra necessariamente para setores regulados, mas fora há uma prevalência muito menor dessas características", disse.
Cerca de 15 empresas compõem a carteira do fundo, tendo cada uma posição máxima de 10%. Entre as companhias no radar do fundo estão Unipar (UNIP6), AES Brasil (AESB3), Itaúsa (ITSA4) e TIM (TIMS3).
Apesar dos dividendos gordos oferecidos pelas gigantes do Ibovespa Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4), o fundo tem optado por se manter distante dessas empresas devido à volatilidade dos papéis.
“Não queremos correr o risco de ganhar R$ 5 no dividendo e, por exemplo, perder R$ 20 no preço da ação. Não é um fundo para dar porrada, mas para crescer com a alimentação constante de dividendos. É o simples muito bem feito”, disse Fernando Luiz. "Mas o simples não necessariamente é fácil", complementou Schweitzer.