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Retomada do Ibovespa não deve passar por bancos e commodities, diz Perfin

Para Alexandre Sabanai, gestor da casa, alta do dólar pode ser “a única salvação” de empresas de commodities

Itaú: para Perfin, inadimplência deve manter alto nível de provisionamento em 2021 (Itaci Batista/Estadão Conteúdo)

Itaú: para Perfin, inadimplência deve manter alto nível de provisionamento em 2021 (Itaci Batista/Estadão Conteúdo)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 15 de outubro de 2020 às 19h20.

Última atualização em 15 de outubro de 2020 às 19h48.

Embora o setor dos quatro grandes bancos de varejo e o setor de commodities representem cerca de 50% do principal índice da bolsa brasileira, eles não devem ter grande contribuição para alta do Ibovespa. Isso é o que afirmou Alexandre Sabanai, gestor da Perfin, em seminário da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp).

Para o gestor, a retomada das bolsas de valores desde as mínimas de março se deu, principalmente, em razão de dois fatores: estímulos econômicos de bancos centrais e precificação de um cenário de “normalidade” em 2021, com a disponibilização de vacinas. Mas, para ele, nem os bancos nem as empresas ligadas a commodities deverão ter um cenário positivo no próximo ano.

“O provisionamento, que aumentou muito neste ano, vai continuar tendo impacto em 2021. Quem está ficando otimista com os bancos não está colocando isso na conta”, disse. Segundo ele, o fim do auxílio emergencial, que favoreceu pessoas físicas e jurídicas, deve pressionar a inadimplência para o próximo ano. “Ainda acho que os bancos têm uma dinâmica não salutar.”

Já as commodities devem sofrer pela volta das tensões comerciais entre a China e os Estados Unidos, que acredita que deve voltar a ganhar força no mercado após as eleições americanas. “Hoje o grande polo do mundo é a China e conforme surgem restrições do maior consumidor global, que são os Estados Unidos, muda muito a lógica fabril e comercial do mundo, com implicações para as commodities.”

Nessa cesta de commodities afetadas pela guerra comercial, entrariam o petróleo, papel e celulose, minério de ferro e “talvez” aço. Caso suas previsões estejam certas, sofreriam impactos diretos em algumas das principais ações do Ibovespa, como as da Petrobras, Vale e Suzano, além das de outras companhias que também atuam nesses setores.

“A única coisa que pode salvar o lucro dessas empresas de commodities, e que tenho incerteza [sobre], é o preço do dólar. Conforme o fiscal vai se deteriorando, o risco vai sendo incorporado na curva de juros e no dólar. Essa pode ser a salvação do setor de commodities”, afirmou

Por outro lado, Sabanai ainda vê a possibilidade de o Ibovespa fechar o ano em até 120.000, o que o levaria a fechar o ano com saldo positivo. Para isso, a Perfin aposta que a outra metade do índice, composto de setores que vão de empresas de saneamento e energia até varejistas, compense o restante. “Para todo esse bolão de empresas ligadas à atividade doméstica, fora os bancos, estamos mais otimistas”. Entre as ações que vê como as mais atrativas estão as da Hypera, Unidas, BR Distribuidora e Pets.

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