Além do câmbio, o descasamento de preços locais com internacionais continuou a atrapalhar (Ricardo Moraes/Reuters)
Da Redação
Publicado em 6 de agosto de 2012 às 12h47.
São Paulo – As ações da Petrobras caem forte nesta segunda-feira na Bovespa após a empresa apresentar um balanço que ficou muito abaixo do esperado pelo mercado. “Não importa como olharmos, os resultados da Petrobras foram fracos”, resumem os analistas do BTG Pactual. Na mínima do dia, os papéis ordinários (PETR3) caíam 5,8% e os preferenciais (PETR4) recuavam 5,6%.
A estatal de petróleo registrou o seu primeiro prejuízo líquido em 13 anos, com uma perda de 1,3 bilhão de reais. A geração de caixa medida pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 10,6 bilhões de reais ficou muito abaixo do consenso de 15,7 bilhões de reais. O prejuízo líquido foi o que mais surpreendeu. A expectativa do mercado era de um resultado positivo de aproximadamente 3,4 bilhões de reais.
O maior vilão para o resultado financeiro da Petrobras foi o câmbio. “A desvalorização do real afetou de maneira relevante o resultado financeiro, pelo nosso endividamento denominado em dólares, mas também os custos dolarizados da companhia”, afirmou a empresa em seu balanço. O resultado financeiro líquido ficou negativo em 6,407 bilhões de reais. No mesmo período de 2011, o número foi positivo em 2,901 bilhões de reais.
“Apesar de muito da fragilidade do segundo trimestre ser atribuído a fatores não recorrentes, os resultados claramente destacam o pesado custo que está recaindo sobre a Petrobras com o desconto dos preços da gasolina e do diesel versus os valores internacionais”, explicam Frank McGann e Conrado Vegner, analistas do Bank of America Merrill Lynch.
“Estamos convencidos que a administração está inteiramente comprometida em conseguir essas mudanças para retornar à lucratividade. Mas, a atual, e ainda grande diferença dos preços da gasolina e do diesel em relação aos preços internacionais precisa ser resolvida para limitar uma maior deterioração do balanço”, ressaltam McGann e Vergner.
Gustavo Gattass, Luiz Felipe Carvalho e Dario Valdizan, que assinam a análise do BTG, rebaixaram o preço-alvo aos papéis da Petrobras de 30,5 dólares para 28 dólares, mas mantiveram a recomendação de compra dos ativos. Confira abaixo um levantamento realizado com as análises publicadas após o balanço da Petrobras na sexta-feira:
Instituição | Ativo | Recomendação | Preço-alvo |
---|---|---|---|
Bofa Merrill Lynch | PETR4 | Compra | R$ 29 |
UBS | PETR3 | Compra | R$ 33 |
BTG Pactual | PBR.A (PETR4) | Compra | US$ 28 |
Safra | PETR4 | Outperform | R$ 30 |
Deutsche Bank | PBR (PETR3) | Manutenção | US$ 26 |
Itaú | PETR4 | Market Perform | R$ 26,50 |
HSBC | PETR3 | Overweight | R$ 41 |