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Da Redação
Publicado em 22 de novembro de 2011 às 16h55.
Madri - A eleição de um novo governo conservador não foi suficiente para atenuar a pressão dos mercados sobre a Espanha, e nesta terça-feira o Tesouro foi obrigado a pagar os maiores juros em 14 anos na venda de títulos públicos.
O leilão de papéis de curto prazo era visto como o primeiro teste para a capacidade do primeiro-ministro-eleito, Mariano Rajoy, de tranquilizar os investidores, depois de o seu Partido Popular (PP) conquistar no domingo a mais expressiva vitória eleitoral no país em 30 anos.
Mas o rendimento médio dos títulos com vencimento em três meses mais do que duplicou em um mês, passando de 2,3 por cento para 5 por cento. Os juros pagos no papel de seis meses também dispararam para mais de 5 por cento - em vez dos 3,3 por cento praticados em outubro.
A Espanha está agora no centro da crise do euro, que se agrava a cada dia, e o resultado do leilão aumentou os temores de contágio. As bolsas europeias registraram queda pelo quarto pregão consecutivo, e os juros nos papéis italianos de curto prazo também tiveram alta.
O fracasso do leilão também significa que Rajoy será mais pressionado a apresentar detalhes dos seus planos econômicos - algo que ele se recusou a fazer na noite de segunda-feira, para frustração dos mercados. O novo governo ainda levará quase um mês para tomar posse, por causa de prazos previstos na Constituição.
"Rajoy precisa se apressar com as medidas. O mercado não lhe dará muito tempo", disse um influente executivo bancário espanhol, pedindo anonimato.
A agência de classificação de crédito Fitch disse que o futuro governo deveria apresentar já os termos gerais das medidas de austeridade que pretende implantar para cortar o déficit.
"Ele deve surpreender de forma positiva os investidores com um programa ambicioso e radical de reformas fiscais e estruturais", disse a agência.
A plataforma eleitoral do PP era escassa em detalhes, e Rajoy preferiu durante a campanha salientar os erros do atual governo do Partido Socialista, que levou a maior surra eleitoral da sua história.
O desemprego em torno de 20 por cento - maior índice da zona do euro - contribuiu de forma decisiva para a vitória da oposição.
Mas, independentemente do que o governo fizer, analistas dizem que a crise na zona do euro já se tornou sistêmica, e que sua solução não cabe mais a países individuais.
Itália e Espanha - respectivamente a terceira e quarta maiores economias da união monetária - estão tendo de se financiar com juros próximos a 7 por cento, nível que levou Grécia e Portugal a pedir socorro internacional.