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Repercussão de Fed, Copom e balanços, PIB dos EUA e contas do Governo: o que move o mercado

Na sequência das reuniões do Copom e do Fomc, é a vez do Banco Central Europeu (BCE) decidir sua próxima taxa de juros

Radar: mercado avalia declarações de Powell, após Fed manter juros (Alex Wong//Getty Images)

Radar: mercado avalia declarações de Powell, após Fed manter juros (Alex Wong//Getty Images)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 30 de janeiro de 2025 às 08h27.

Última atualização em 30 de janeiro de 2025 às 10h18.

O dia de hoje é marcado pela repercussão das decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) e do Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês). Assim como amplamente esperado tanto para o mercado local, quanto estrangeiro, o Banco Central (BC) seguiu o forward guidance e subiu a Selic em 1 ponto percentual (p.p.) para o patamar dos 13,25%. Já o Federal Reserve (Fed, banco central americano) manteve os fed funds inalterados na faixa entre 4,25% e 4,50%.

Também repercute no mercado os primeiros resultados das “sete magníficas”. Ontem, abriu a temporada de balanços para as big techs Meta (META), Tesla (TSLA) e Microsoft (MSFT). Enquanto Tesla reportou queda no lucro, Microsoft reportou um crescimento, assim como Meta.

Balanços das big techs

A Tesla registrou um lucro líquido de US$ 2,31 bilhões no quarto trimestre de 2024, queda de 71% em relação ao mesmo período do ano anterior. O lucro por ação (LPA) diluído, sem considerar eventos adversos, ficou em US$ 73, abaixo das expectativas de analistas consultados pelo LSEG, que previam US$ 76

Entretanto, apesar de pequeno o crescimento, a fabricante de veículos elétricos alcançou US$ 25,7 bilhões em receita no trimestre, um avanço de 2% em comparação ao quarto trimestre de 2023, o que foi suficiente para fazer as ações saltarem quase 2% no pré-mercado desta quinta-feira, 30. O resultado aquém das expectativas teve relação com a redução dos preços médios de venda nas linhas Model 3 e Y, e S e X, informou o balanço.

a Meta apresentou um lucro acima das expectativas no quarto trimestre de 2024, mas alertou que os custos operacionais devem crescer em 2025, impulsionados por investimentos em inteligência artificial (IA). A companhia reportou um lucro por ação de US$ 8,02, superando a projeção de US$ 6,77, enquanto a receita atingiu US$ 48,39 bilhões, acima da estimativa de US$ 47,04 bilhões dos analistas. No pré mercado, as ações sobem 2,5%.

Para 2025, a Meta prevê que suas despesas totais ficarão entre US$ 114 bilhões e US$ 119 bilhões, um aumento significativo em relação aos US$ 95,1 bilhões registrados no ano anterior. De acordo com a CFO, Susan Li, a principal razão para essa alta será o crescimento dos investimentos em infraestrutura, que incluem custos operacionais.

A empresa também pretende destinar entre US$ 60 bilhões e US$ 65 bilhões à expansão de sua infraestrutura de IA, com foco na ampliação de data centers e no aprimoramento de seus modelos de inteligência artificial. O CEO, Mark Zuckerberg, destacou que essa estratégia é essencial para manter a competitividade frente a rivais como OpenAI, Microsoft, Google e Amazon.

A Microsoft reportou resultados acima das projeções de Wall Street para o quarto trimestre, mas refletiu preocupações com o aumento dos investimentos em infraestrutura, impulsionados pela crescente disputa no setor de inteligência artificial, especialmente diante da concorrência da chinesa DeepSeek — o que faz suas ações recuarem quase 4% no pré mercado.

A companhia registrou uma receita de US$ 69,6 bilhões no período, crescimento de 12% em relação ao mesmo trimestre de 2024. O lucro por ação atingiu US$ 3,23, uma alta de 10% na comparação anual, superando a estimativa de US$ 3,11 por ação dos analistas consultados pela FactSet. O segmento de computação em nuvem da Microsoft manteve seu ritmo de expansão, com uma receita de US$ 40,9 bilhões, representando um avanço de 21% frente ao mesmo período do ano anterior.

Hoje, as atenções se voltam para Intel (INTC) e Apple (AAPL) após fechamento do pregão. Antes, será a vez de Mastercard (MA).

Copom

A elevação de 1 p.p. e a sinalização de mais uma alta no mesmo nível já estavam contratadas — e na primeira reunião como presidente, o indicado de Lula, Gabriel Galípolo, cumpriu com o guidance em uma decisão unânime.

Mas, apesar de mais uma alta pela frente, resta dúvidas sobre a continuidade no ciclo de aperto monetário. Essa falta de firmeza para as reuniões além de março foi interpretada por alguns analistas do mercado como um BC mais dovish.

“Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de mesma magnitude na próxima reunião. Para além da próxima reunião, o Comitê reforça que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos", informou o BC, no comunicado após o Copom.

Fed

O Fed decidiu manter os juros entre 4,25% e 4,50% na primeira reunião de 2025, interrompendo o ciclo de cortes iniciado em setembro do ano anterior. A decisão já era amplamente esperada pelo mercado, especialmente após sinais de que a economia dos EUA continuava resiliente, com crescimento sólido e desemprego ainda baixo.

No comunicado, o Fed adotou um tom mais hawkish, substituindo a avaliação de que a inflação estava progredindo em direção à meta por uma visão mais cautelosa, destacando que os preços ainda seguem elevados. Além disso, reforçou que o mercado de trabalho permanece forte e disse que "não tem pressa" para novos cortes de juros.

Entretanto, na coletiva, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que não é necessário estar na meta para iniciar corte de juros. Ele também destacou que o mercado de trabalho esfriou em relação ao período de superaquecimento anterior, sem representar uma ameaça inflacionária significativa.

Powell reafirmou que o BC manterá o foco no combate à inflação e não revisará sua meta, afastando qualquer pressão política, mesmo após declarações de Donald Trump sobre os juros.

Reunião do BCE

Na sequência das reuniões do Copom e do Fomc, é a vez do Banco Central Europeu (BCE) decidir sua próxima taxa de juros, às 10h15. Em meio a uma economia fraca do bloco, que não mostra sinais de recuperação, a expectativa é que haja um corte de 0,25 p.p., levando os juros da zona do euro de 3% para 2,75%. A decisão será seguida de coletiva com Christine Lagarde às 10h45.

PIB dos EUA, Caged e contas do Governo

De olho na agenda de indicadores, lá fora será divulgado o Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre de 2024 dos Estados Unidos. Por aqui, o mercado acompanha a divulgação do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e as contas do Governo Central.

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