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Renúncia do CEO das subsidiárias e crise financeira: o que está acontecendo com a Light?

A companhia teve um prejuízo de R$ 5,7 bilhões em 2022 e a expectativa de um risco de calote só aumenta

Gatos na fiação fazem a empresa perder quase R$ 20 milhões ao ano (Divulgação/Divulgação)

Gatos na fiação fazem a empresa perder quase R$ 20 milhões ao ano (Divulgação/Divulgação)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 6 de abril de 2023 às 06h00.

Última atualização em 6 de abril de 2023 às 08h20.

A companhia de energia elétrica Light, que presta serviço de distribuição e geração de energia para cerca de 30 municípios do Rio de Janeiro, vive um momento dramático. Quase um apagão. Na noite desta quarta-feira, 5, a empresa anunciou a renúncia de Octavio Pereira Lopes do comando de suas subsidiárias, a Light SESA e a Light Energia.

Ele seguirá, no entanto, como CEO da Light SA e vai presidir o conselho das duas subsidiárias, enquanto Wilson Martins Poit segue como presidente do conselho da holding. Alexandre Nogueira foi eleito novo diretor-presidente da Light Energia, e Thiago Guth vai assumir a Light Serviços de Eletricidade.

A renúncia de Lopes vem na sequência da saída recente de outros diretores e conselheiros. Vem, também, em meio a uma enorme crise financeira da empresa. A companhia teve um prejuízo de R$ 5,7 bilhões em 2022, com a expectativa de um risco de calote só aumentando.

A crise econômica da Light

No dia 31 de janeiro a Light, anunciou a contratação da Laplace Finanças, para obter assessoria na análise de estratégias financeiras, visando, principalmente, trabalhar em melhorias em sua estrutura de capital. Mas isso já acendeu o sinal amarelo no mercado, dando indicação do tamanho do buraco em que a empresa está.

O endividamento da Light fechou 2022 em R$ 9,03 bilhões, 23% acima do registrado um ano antese dos R$ 8,7 bilhões observados ao fim do terceiro trimestre.

No último mês a Moody's e a Fitch Ratings rebaixaram as notas de crédito da Light para CCC- e CC, respectivamente, apontando a instabilidade da saúde financeira da empresa. "A Fitch acredita que o processo de reestruturação da dívida se enquadrará na definição de processo de default-like, o que resultaria no rebaixamento dos ratings para ‘C’", escreve a agência de classificação de risco Fitch Ratings. 

O prejuízo da Light em 2022 veio da pressão dos juros sobre a despesa financeira. Do lado operacional, o principal impacto é no segmento de distribuição de energia, por causa do provisionamento de R$ 1,08 bilhão para devolução de créditos de PIS/Cofins aos consumidores, que foi atualizado para R$ 1,58 bilhão. Também houve uma baixa contábil de R$ 1,63 bilhão relativa a despesas tributárias.

Perdas com gato na fiação elétrica

Segundo a empresa, as perdas com furto de energia nas áreas nobres do município do Rio de Janeiro são de quase R$ 20 milhões ao ano. Mas, para além do impacto financeiro, isso pode ser um problema ainda maior para a empresa e dificultar a companhia a renovar seu contrato de concessão para distribuição de energia. O vencimento do contrato é já em 2026.

Em fevereiro, a Light afirmou à Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) que a sua concessão “tem apresentado geração de caixa insuficiente para garantir sua sustentabilidade”. O principal motivo, explicou à época, são as chamadas perdas “não técnicas”, ou seja, furtos (conhecidos como gatos) e a inadimplência.

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