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Rentabilidade da dívida do Brasil deixa outros BRIC na lanterna

Papéis brasileiros acumulam uma rentabilidade de 14,4% em 2010, quase 4 vezes maior que os da China

Mantega elevou o IOF duas vezes para tentar conter a entrada de dólares no País (Valter Campanato/AGÊNCIA BRASIL)

Mantega elevou o IOF duas vezes para tentar conter a entrada de dólares no País (Valter Campanato/AGÊNCIA BRASIL)

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Da Redação

Publicado em 17 de dezembro de 2010 às 09h38.

Nova York - A rentabilidade dos títulos da dívida doméstica do governo brasileiro está superando a da Índia, Rússia e China pelo segundo ano consecutivo. Os ganhos com os papéis brasileiros derivam do juro real no País, que é o segundo mais alto do mundo.

Os papéis brasileiros acumulam rentabilidade de 14,4 por cento este ano, quase quatro vezes mais que a dos títulos da China. O retorno das aplicações na Rússia foi de 8,5 por cento, e a Índia registrou ganho de 8,7 por cento, segundo o índice GBI-EM do JPMorgan Chase & Co. Desde janeiro de 2009, a dívida brasileira acumula rentabilidade de 67 por cento, enquanto que o ganho médio com papéis da Rússia, Índia e China foi de 11 por cento no período.

O interesse em papéis brasileiros aumentou este ano porque os juros nos Estados Unidos, Europa e Japão estão próximos de zero. O juro básico do País, de 10,75 por cento, é quase o dobro das taxas de China e Índia, e 3 pontos percentuais superior ao juro na Rússia. Se descontada a inflação, o juro brasileiro é o segundo mais alto entre 46 países acompanhados pela Bloomberg, ficando somente atrás do da Croácia.

“Quando você olha para a dívida local, é absolutamente incrível”, disse Pablo Cisilino, que ajuda a administrar US$ 20 bilhões em dívida de mercados emergentes, incluindo títulos domésticos brasileiros e russos, na Stone Harbor Investment em Nova York. “A taxa absoluta no Brasil é tão alta que vai ser difícil comprimir. O Brasil é ponto fora da curva.”

Os títulos da dívida pública brasileira rendem em média 12,11 por cento, comparado a 7,96 por cento para os da Índia, 6,9 por cento para os da Rússia e 3,76 por cento para os da China, de acordo com o JPMorgan.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, triplicou o Imposto sobre Operações Financeiras para a compra de ativos locais de renda fixa por estrangeiros em outubro para conter a valorização do real.

Aumento do IOF

Mantega, que vai permanecer no cargo após a presidente eleita Dilma Rousseff assumir o cargo em janeiro, subiu o IOF duas vezes em outubro, levando a alíquota a 6 por cento. Ele disse em 9 de dezembro que o governo está pronto para tomar novas medidas para impedir ganhos adicionais do real. A moeda se valorizou 40 por cento nos últimos dois anos.

O rendimento das Notas do Tesouro Nacional da série F com cupom 10 por cento e vencimento em 2021 subiu 63 pontos-base, ou 0,63 ponto percentual, desde 4 de outubro -- quando Mantega dobrou o IOF -- para 12,49 por cento. A classificação de risco do Brasil é BBB- pela Standard & Poor’s, a menor na escala de grau de investimento.

Maior abertura

Além de oferecer juros reais maiores, o mercado local brasileiro é mais aberto a estrangeiros do que os de Rússia, China ou Índia, disse Jeremy Brewin, que ajuda a administrar US$ 2,5 bilhões em ativos de renda fixa de mercados emergentes, incluindo dívida local brasileira, indiana e russa, na Aviva Investors em Londres.

“Se você estiver disposto a pagar o pedágio, pode ganhar muito no mercado local”, disse Brewin em entrevista telefônica de Londres. “O juro real no Brasil é excessivamente alto devido à classificação de crédito, que é um tema que se sobrepõe ao fato de as taxas terem subido devido ao IOF”.

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