Rio de Janeiro - O Grupo Rede Energia informou sua intenção de iniciar negociações com os titulares de bônus perpétuos emitidos pela companhia como parte de uma possível reestruturação financeira de sua dívida, de acordo com fato relevante enviado ao mercado nesta segunda-feira.

"A companhia pediu aos detentores de títulos perpétuos a formarem um comitê para representar seus interesses coletivos", disse a empresa, acrescentando que pretende engajar-se em negociações com foco em uma eventual reestruturação da companhia.

A Rede Energia contratou o Rothschild como assessor financeiro nas negociações. Chamadas feitas para o escritório da Rothschild em São Paulo para comentar a questão não foram imediatamente respondidas.

Nesta segunda-feira, estava previsto pagamento de juros dos títulos, o que ocorreu com utilização de parte dos recursos de conta de reserva de juros, informou a empresa em comunicado.

A empresa informou ainda que esta conta de reserva contém fundos suficientes para fazer o pagamento dos próximos pagamentos de juros.

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A conta reserva de juros é uma exigência segundo a qual a empresa se compromete a manter uma combinação de recursos em quantidade suficiente para a realização de três pagamentos de juros.

A Rede Energia é controladora da distribuidora paraense de energia elétrica Celpa, que pediu recuperação judicial no fim de fevereiro.

Rede energia à venda -  A decisão de contatar detentores dos bônus ocorre depois que os esforços do presidente do Conselho de Administração e maior acionista, Jorge Queiroz Jr., d e vender parte ou toda a sua participação de 54 por cento na companhia sofreram forte revés.

A participação de Queiroz na Rede Energia está avaliada em 600 milhões de dólares por alguns analistas.

Na sexta-feira, a holding registrou prejuízo líquido consolidado de 688 milhões de reais em 2011, ampliando perda de 368,8 milhões de reais apurados pela companhia em 2010.

Antes da divulgação dos resultados, o grupo havia informado que a KPMG, na condição de auditora independente, absteve-se de manifestar opinião sobre as demonstrações financeiras da holding, listando sete fatores, entre os quais as atuais dificuldades na captação e renovação de seus empréstimos, o que poderia gerar dificuldades no pagamento e amortização de dívidas e outros compromissos de curto prazo, além dos atuais índices de liquidez da companhia.

No balanço, a Rede Energia informou que o saldo líquido da conta "empréstimos, financiamentos, debêntures, leasing e encargos de dívidas" aumentou 12,5 por cento em 2011, passando de 5,109 bilhões de reais para 5,747 bilhões de reais.

Em fevereiro, a Fitch rebaixou os ratings da Celpa para default, ao mesmo tempo em que que dois candidatos de peso à compra da fatia de 54 por cento da companhia desistiram do negócio: a chinesa State Grid e a AES Brasil .

Da Rede Energia, foram rebaixados os ratings de emissão para moeda local e estrangeira para'C' ante'CCC'. O rating internacional de longo prazo das notas perpétuas de 575 milhões de dólares passaram de 'CCC/RR4' para 'C/RR4'. Já os da emissão de debêntures de 370 milhões de reais passaram para 'C(bra)' ante 'CCC(bra)'.