Painel de cotações na B3 (Germano Lüders/Exame)
Repórter
Publicado em 22 de agosto de 2024 às 16h45.
Última atualização em 22 de agosto de 2024 às 17h02.
Em alta pelo terceiro mês consecutivo, o Ibovespa reverteu as perdas do ano nesta semana e superou os 135 mil pontos pela primeira vez. Mas é apenas em termos nominais que o principal índice da bolsa brasileira está próximo de suas máximas históricas.
Considerando a variação do dólar e da inflação, o Ibovespa ainda está distante dos níveis recordes, que ficaram em 2008. Naquele ano, a pontuação do Ibovespa em dólar bateu a máxima de 44.655 pontos. Neste mês, com a apreciação do real e a alta da bolsa, o Ibovespa subiu cerca de 10% em dólar, mas ainda está em 24.841 pontos. No ano, a perda acumulada é de 10%, devido à desvalorização do real no período.
O momento negativo do Ibovespa em dólar foi acompanhado da saída de investidores estrangeiros da bolsa local. De acordo com dados da B3, a retirada de capital estrangeiro é de R$ 20 bilhões no ano. A competição com juros mais altos nos Estados Unidos e com investimentos em inteligência artificial vinha sendo apontada como uma das principais razões para a saída de estrangeiros.
A fuga de capital externo foi estancada em julho e, desde então, o saldo está positivo em R$ 13,8 bilhões. Mas ainda há uma longa jornada até o Ibovespa voltar a bater recorde em dólar, tendo em vista que o índice ainda está 45% abaixo de seu maior patamar, batido em 2008.
Mantendo o preço do dólar estável, o índice ainda precisaria subir 100.000 pontos em reais para atingir a marca. Ou, mantendo a mesma pontuação, o dólar cair dos atuais R$ 5,55 para próximo de R$ 3,80.
O Ibovespa também está longe da máxima histórica em termos reais. Se corrigido pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o recorde seria os 73.517 pontos registrados em maio de 2008.
Para voltar a bater recorde em termos reais, o Ibovespa precisaria ultrapassar a marca de 180.000 pontos. As contas são de Allan Gallo, professor de Economia e Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie e pesquisador do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica (CMLE).
"O investidor não pode se ater apenas à rentabilidade nominal. É preciso comparar com a inflação para avaliar os ganhos reais na operação", disse Gallo. "Mas não acredito que o Ibovespa vai bater o recorde real nos próximos anos."