Combustíveis: O anúncio de medidas do governo para reduzir o preço dos combustíveis provocou uma corrida dos fundos locais por dólar (Busakorn Pongparnit/Getty Images)
Karla Mamona
Publicado em 9 de junho de 2022 às 15h38.
O anúncio de medidas do governo para reduzir o preço dos combustíveis provocou uma corrida dos fundos locais por dólar, que saíram em busca de proteção diante do aumento das incertezas sobre a trajetória das contas públicas.
Só no pregão de terça-feira, como reação à divulgação das medidas, os investidores domésticos compraram US$ 1,5 bilhão, segundo dados sobre derivativos cambiais da B3 compilados pela Bloomberg. Nas últimas duas sessões, a exposição a dólar dos locais aumentou US$ 1,6 bilhão.
Plano de Bolsonaro para combustíveis aumenta incerteza fiscal
Trata-se de uma reversão do movimento visto em maio, quando os locais enxugaram a posição comprada em dólar em US$ 5 bilhões e embalaram um mini-rali do real.
Desde o início de junho, a exposição dos locais à moeda americana subiu US$ 4,1 bilhões e agora soma US$ 4,7 bilhões, com as perspectivas fiscais domésticas mais nebulosas, além do sentimento de risco global afetado pelo aperto monetário no mundo desenvolvido.
“O mercado provavelmente começará a se concentrar no quadro fiscal conforme a campanha se inicia”, disse Juan Prada, estrategista de câmbio do Barclays em Nova York. “Isso pode pesar no real, mas achamos que mais incertezas virão no terceiro trimestre de 2022.”
Segundo Prada, os desafios fiscais no Brasil persistem a despeito das melhoras observadas neste ano, que foram impulsionadas pelo aumento do PIB nominal e dos preços de commodities e provocaram aumento da arrecadação de impostos.
Já o posicionamento comprado em dólar dos investidores estrangeiros pouco se alterou no início de mês, passando de US$ 25,8 bilhões para US$ 26,7 bilhões.