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Real deve reverter queda com apostas em juro maior

Na maior desvalorização desde maio, analistas acreditam na alta da moeda com os atrativos dos mercados emergentes

Sala de operações da Bovespa: rendimento extra de títulos em dólares subiu 0,14% (Lailson Santos/EXAME)

Sala de operações da Bovespa: rendimento extra de títulos em dólares subiu 0,14% (Lailson Santos/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 30 de novembro de 2010 às 07h14.

Nova York - A maior queda do real desde maio não deve durar muito tempo, segundo o Standard Chartered Bank e o Wells Fargo & Co. As duas instituições acreditam que a perspectiva de juros mais altos vai ajudar a impulsionar a moeda brasileira em dezembro.

O real caiu 1,1 por cento em novembro para R$ 1,7185 por dólar, a maior queda desde a perda de 4,5 por cento em maio. O receio de que a crise da dívida na Europa está se espalhando leva investidores a evitarem ativos de mercados emergentes. A queda limitou o avanço do real este ano para 1,5 por cento, menos que as altas das moedas de Colômbia, México, Chile e Peru, segundo dados compilados pela Bloomberg.

O Standard Chartered, o mais preciso na previsão para o real no terceiro trimestre, e o Wells Fargo preveem que a moeda vai subir 1,1 por cento até o fim do ano para R$ 1,7 na medida em que o Banco Central se prepara para aumentar a taxa Selic para conter a inflação. As taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro sugerem que os operadores esperam que o Comitê de Política Monetária vá retomar a elevação do juro básico já na próxima reunião de 8 de dezembro, aumentando a taxa para cerca de 12,5 por cento até o final de 2011.

“Há expectativas de aumento”, disse Douglas Smith, economista-chefe para as Américas do Standard Chartered em Nova York. “As pessoas vão correr para lá. As coisas estão ficando mais atraentes.”

O real deve se recuperar à medida que Alexandre Tombini, indicado pela presidente eleita Dilma Rousseff para comandar o BC, vai tentar frear os preços ao consumidor, que estão no nível mais alto em cinco meses, de acordo com Aryam Vazquez, economista do Wells Fargo em Nova York.

Diferença entre taxas

O rendimento extra que os investidores exigem para manter títulos brasileiros em dólares no lugar de notas do Tesouro dos EUA aumentou ontem 14 pontos-base, ou 0,14 ponto percentual, para 192, segundo o índice EMBI+ do JPMorgan Chase & Co.


O custo para que investidores se protejam por cinco anos contra um calote na dívida brasileira ficou estável em 117, segundo a CMA. Os contratos de credit-default swaps pagam ao portador o valor de face em troca do instrumento em questão ou o equivalente em dinheiro, caso um governo ou empresa deixe de cumprir seus acordos de dívida.

O rendimento dos contratos futuros com vencimento em janeiro de 2012 aumentou 3 pontos-base, para 12,05 por cento.

Crescimento econômico

A Selic está inalterada desde julho, depois de ter sido elevada em 200 pontos base, ou 2 pontos percentuais, num período de quatro meses para segurar a maior expansão econômica do País em mais de duas décadas. O Brasil deve crescer 7,6 por cento este ano depois da retração de 0,2 por cento em 2009, de acordo com a pesquisa semanal divulgada pelo BC em 29 de novembro.

Em comparação, a economia dos Estados Unidos, a maior do mundo, deve crescer 2,7 por cento este ano, de acordo com pesquisa da Bloomberg com 62 economistas.

Investidores estrangeiros em busca de uma alternativa às taxas de juros próximas de zero nos EUA, Europa e Japão colocaram dinheiro no mercado de renda fixa do Brasil, contribuindo para a alta de 34 por cento do real em dois anos.

“A forma da recuperação global e o receio do crescimento tímido deixarão o real mais atraente, especialmente com as apostas de que o Banco Central vai subir os juros em 2011”, disse Vazquez em entrevista por telefone. “Todos esses fatores continuarão ajudando.”

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