Saída de Márcio Mello gerou reações controversas no mercado (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 13 de maio de 2013 às 15h45.
São Paulo – As ações da HRT (HRTP3) despencam nesta segunda-feira com o mercado avaliando o pedido de renúncia do presidente e fundador, Márcio Mello, apenas dois meses depois da sua saída da presidência do Conselho de Administração. O empresário, que comandou a oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da pré-operacional em outubro de 2010, continuará na empresa como um membro do Conselho.
Em nota, o presidente do Conselho, John Willott, disse que pediu para Mello reconsiderar a sua decisão, mas não foi suficiente. “Entretanto, ele permanece como membro ativo do Conselho, onde trabalhará para continuidade do sucesso da HRT. A Companhia sentirá muito a sua falta. Sua liderança e energia são incomparáveis", ressaltou.
A reação do mercado foi bastante negativa. Na mínima do dia, até às 14h45, as ações eram negociadas a 3,85 reais a uma queda de 16,1%. Na sexta-feira, contudo, os papéis tinham disparado sem um motivo aparente. No dia 6 de maio, as ações também avançaram forte após o anúncio da compra de 60% no Campo de Polvo da BP, que tem produção diária de 13 mil barris por 135 milhões de dólares.
Surpresa
A queda das ações de hoje foi recebida como surpresa por parte do mercado, que entendia que Mello estava com a imagem muito desgastada. “O Nome do Sr. Mello tornou-se associado a controvérsia depois de aparentemente ter proposto medidas impopulares, como um programa de recompra de ações, que foi rejeitado num momento em que a confiança do mercado na empresa já estava baixa”, lembra o analista Oswaldo Telles, do BES, em relatório. O banco tem uma recomendação neutra e um preço justo de 3,40 reais.
Roberto Altenhofen, da Empiricus Research, ressalta que o mandato da diretoria expirava no final da semana passada e que “parece haver diferenças irreconciliáveis entre o fundador da petroleira e o novo Conselho de Administração (recém-nomeado com predominância de membros independentes)”, explica o analista em sua estreia como blogueiro de EXAME.com.
Segundo ele, a reação de sexta-feira pode ter sido um movimento antecipado sobre a renúncia do executivo. “Fosse isso, o pregão de hoje seria um convite à realização de lucros”, afirma. O voluma financeiro girado pelas ações na sexta-feira (140 milhões de reais) foi 10 vezes superior à média de giro diário dos papéis.
Namíbia
Como a principal aposta da HRT agora está na perfuração de três poços na Namíbia, cujos resultados podem começar a aparecer já no final de maio, a saída de Mello também pode ter causado a impressão de resultados ruins na exploração. O desempenho nessa área é visto como fundamental para o futuro da empresa.
“Continuamos a acreditar que os resultados da exploração dos três poços na Namíbia são muito importantes para a empresa e, devido ao alto risco, continuamos com a nossa visão cautelosa sobre a HRT e a recomendação underperform [desempenho abaixo da média do mercado]”, apontam os analistas Frank McGann e Conrado Vegner, do Bank of America Merrill Lynch, em relatório. O preço-alvo estimado é de 3 reais.
Em uma entrevista ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, Carlos Thadeu de Freitas - que até duas semanas atrás era conselheiro da HRT-, disse que a renúncia não tem ligações aos trabalhos exploratórios na Namíbia. O executivo atribui a decisão às mudanças no conselho da empresa, que o teriam deixado isolado.
"Essa mudança no board o levou a ficar numa posição muito isolada. Os acionistas estavam há algum tempo demandando e ele estava atendendo na medida do possível. Mas, nessa área de petróleo há muitas incertezas”, disse Freitas. Milton Romeu Franke, que também deixou o conselho na mesma reunião em que Mello apresentou a sua renúncia, irá assumir como o novo CEO.