Petrobras: ADRs disparam nos EUA (Sergio Moraes/Reuters)
Guilherme Guilherme
Publicado em 29 de julho de 2022 às 07h20.
Última atualização em 29 de julho de 2022 às 07h32.
O rali para ativos de risco se estende para esta sexta-feira, 29, com as bolsas em alta e o dólar em queda no mundo. Índices de ações dos Estados Unidos e Europa caminham para fechar julho com o melhor desempenho mensal desde novembro de 2020, após um início de ano marcado por duras perdas. Por trás do melhor humor do mercado estão expectativas de que o Federal Reserve (Fed) faça um aperto monetário mais suave do que o esperado.
As altas iniciaram na semana passada, com investidores abandonando a ideia de que o Fed subiria os juros em 1 ponto percentual na decisão desta semana. A confirmação do ajuste mais brando, de 0,75 ponto percentual, e declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, consideradas menos contracionistas do que o esperado alimentaram ainda mais o tom positivo nos últimos dias. O consenso para a próxima reunião é de redução do ritmo de alta de juro para 0,5 ponto percentual, levando a taxa para o intervalo de 2,75% e 3%.
Enquanto aguardam a próxima reunião do Fed, de setembro, economistas seguem atentos aos dados de atividade dos Estados Unidos. O PIB abaixo do esperado para o segundo trimestre, divulgado ontem, colocou a maior economia do mundo em uma recessão técnica -- o que, embora negativo, tende a impedir uma guinada contracionista do Fed.
Mas o Índice de Preço sobre Consumo Pessoal (PCE, na sigla em inglês) pode pressionar o banco central americano para manter o ritmo de 0,75 p.p. de alta. O dado, que será divulgado às 9h30 desta sexta, é um dos principais termômetros de inflação do Fed. O consenso para o núcleo do PCE, referente a junho, é de 0,5% de alta, com manutenção do acumulado de 12 meses em 4,47%.
Investidores também seguem atentos aos dados da economia europeia., O PIB da Zona do Euro, divulgado nesta manhã, cresceu 0,7% ante expectativa de 0,2% de alta. Na comparação anual, o PIB também desacelerou menos que o esperado, de 5,4% para 4%. Ainda que reduza as perspectivas de recessão do Velho Continente, os números de atividade também foram acompanhados de uma maior inflação. O Índice de Preço ao Consumidor da Zona do Euro subiu de 8,6% para 8,9%.
No Brasil, investidores devem reagir aos principais balanços corporativos da última noite, tendo entre os mais aguardados os da Vale e Petrobras.
Desempenho dos indicadores às 7h30 (de Brasília):
A Petrobras (PETR4) apresentou Ebitda de R$ 98,26 bilhões, 26% acima do registrado no mesmo período de 2021 e superior ao consenso da Bloomberg, que era de R$ 91,31 bilhões. O lucro líquido também saiu bem acima do esperado, ficando em R$ 54,3 bilhões ante mediana de mercado de R$ 35,72 bilhões. As ADRs disparam mais de 6% no pré-mercado americano, indicando um pregão de forte alta para as ações na B3. O preço do petróleo, que sobe cerca de 2% nesta manhã, também contribui com o movimento. A companhia anunciou ontem que irá pagar R$ 6,73 por ação em dividendos,
A reação ao balanço da Vale (VALE3), também divulgado ontem, é mais comedida. As ADRs da mineradora operam em leve queda nos Estados Unidos, após apresentar redução significativa do Ebitda ajustado em R$ 6,9 bilhões frente ao primeiro trimestre para R$ 25,8 bilhões. A redução, segundo a companhia, foi reflexo de preços mais baixos do minério de ferro. No mesmo período do ano passado, quando o minério operava próximo das máximas históricas, o Ebtida ajustado da Vale foi de R$ 59 bilhões. A Vale anunciou R$ 17 bilhões em dividendos.
Quem também deve apresentar um pior momento operacional é a Usiminas (USIM5), também exposta à variação do preço do minério. A siderúrgica será a primeira entre as grandes do país a reportar resultado do segundo trimestre. O balanço está previsto para antes do pregão desta sexta.