Radar: mercado vive onda de otimismo com corte de juros nos EUA ((Photo by Mandel NGAN / AFP)/AFP)
Repórter de finanças
Publicado em 19 de setembro de 2024 às 09h01.
Última atualização em 19 de setembro de 2024 às 09h08.
Os mercados internacionais operam com grande otimismo na manhã desta quinta-feira, 19, após o Federal Reserve (Fed, banco central americano) cortar sua taxa básica de juros em 50 pontos-base. Na Europa, as bolsas sobem mais de 1%. Nos Estados Unidos, os índices futuros avançam fortemente, com Nasdaq subindo 2,2%. Na Ásia, as bolsas também fecharam com grande rali.
O mercado repercute um dos dias mais aguardados do ano, quando o Federal Open Market Committee (Fomc) optou por reduzir a taxa de juros dos Estados Unidos em 50 pontos-base para o intervalo de 4,75% a 5,25% por 11 votos a 1. É o primeiro corte em mais de quatro anos.
Em comunicado, o Fed atribuiu o corte ao progresso na inflação e afirmou que agora sente confiança de que ela está convergindo de forma sustentável à meta de 2%.
Também citou o equilíbrio dos riscos e a atividade econômica que "continua a se expandir em um ritmo sólido” como fatores que justificam a queda dos juros. A diminuição dos ganhos de emprego e a manutenção da taxa de desemprego em patamares mais baixos colaboraram para o corte.
No mercado, investidores reagem positivamente, mas ainda há dúvidas sobre a próxima decisão de juros.
O gráfico de pontos sinaliza mais dois cortes de 25 pontos-base ainda este ano. Para 2025, o Fed ainda prevê 100 pontos-base de cortes. Entretanto, o mercado pressiona por um corte maior.
Segundo a plataforma FedWatch, do CME Group, investidores apostam que terá um corte de 50 pontos-base na próxima reunião e 25 pontos-base na reunião de dezembro. A ferramenta mostrava 50% de chance da taxa básica encerrar o ano no intervalo entre 4% e 4,25%. Na véspera, essa hipótese marcava 42,2%.
De todo modo, o início do ciclo de queda de juros beneficia o mercado, tanto brasileiro como estrangeiro.
Apesar do Ibovespa ter fechado em queda na sessão anterior, ainda com um certo receio sobre os EUA ter levado tempo demais para cortar juros, uma redução nas taxas americanas beneficia empresas brasileiras com dívidas em dólar – já que o dólar enfraquece – além de atrair capital para cá.
Já no exterior, a redução da taxa aumenta o apetite a risco, o que também impulsiona as bolsas mundiais. Nesta manhã, já é possível ver o otimismo nos índices futuros de NY, na abertura da Europa e no fechamento da Ásia.
Por aqui, assim como amplamente esperado pelo mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, de forma unânime, aumentar a Selic em 25 pontos-base para 10,75% ao ano. Esse é o primeiro aumento desde 2022 e também no terceiro mandato presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em comunicado, os diretores do Banco Central (BC) sinalizaram que os juros devem voltar a subir, mas não se comprometeram com um percentual específico e nem com o tamanho do ciclo.
O movimento também foi bem recebido no mercado, já que se alinhou às expectativas e mostrou o compromisso do BC com a meta de inflação.
Porém, o mercado também diverge sobre a magnitude das próximas altas por aqui. Entre economistas e analistas, parte das apostas indicam que a Selic pode subir entre 11,5% e 12% ao ano.
Outro grupo defende que o processo de elevação da taxa no Brasil pode ser menor, em virtude da desaceleração global, da redução do nível de atividade nos Estados Unidos e da queda de juros promovida pelo Fed.
O comunicado também foi interpretado em um tom mais duro, com preocupação sobre a meta da inflação. Apesar do último Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mostrar que a inflação desacelerou, as novas revisões do IPCA para 2024 no Boletim Focus preocupam o mercado.
Com isso, alguns economistas defendem que o BC deve ser mais duro na próxima reunião.
Na sequência das decisões de juros no Brasil e nos EUA, hoje foi a vez do Banco Central da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) decidir o rumo da sua política monetária. Assim como aguardado pelo mercado, o BoE manteve sua taxa básica de juros em 5% ano.
Mais uma vez a decisão não foi unânime, com oito diretores votando a favor da manutenção e um optando por um corte de 25 pontos-base.
Em comunicado, o BC da Inglaterra defendeu uma abordagem gradual para remover a política restritiva, afirmando que essa estratégia irá durar por um “período suficientemente longo” até que os riscos para que a inflação regresse à meta de 2%, de forma sustentável, se afastem.
De olho nos indicadores econômicos, a Receita Federal divulga, às 10h30, a arrecadação federal de agosto. A Genial Investimentos prevê R$ 203,5 bilhões, frente os R$ 231,044 bilhões anteriores.