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Reabertura de emissões corporativas esquenta com queda de taxas

Itaú e Petrobras lideram movimento de reabertura de títulos para aproveitar a queda nos custos de captação

O Itaú fez em 17 de janeiro uma venda adicional de US$ 500 milhões dos bônus com vencimento em 2021 a um cupom de 6% (Pedro Zambarda/EXAME.com)

O Itaú fez em 17 de janeiro uma venda adicional de US$ 500 milhões dos bônus com vencimento em 2021 a um cupom de 6% (Pedro Zambarda/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 3 de fevereiro de 2012 às 09h35.

Nova York - O Itaú Unibanco Holding SA e a Petróleo Brasileiro SA lideram o movimento de reabertura de títulos existentes por empresas brasileiras, numa tentativa de acessar os mercados internacionais de crédito mais rapidamente para aproveitar a queda nos custos de captação.

Oito das 16 ofertas de dívida no exterior por empresas brasileiras este ano foram reaberturas, ante oito em todo o ano passado, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. O rendimento médio dos títulos em dólar vendidos por companhias brasileiras caiu 26 pontos-base, ou 0,26 ponto percentual, este ano para 5,9 por cento, a menor taxa desde agosto, segundo o JPMorgan Chase & Co. Os custos de captação para empresas do México recuaram 24 pontos-base no período, para 6,05 por cento.

As operações brasileiras fazem parte da disparada das emissões de bônus de países emergentes no mercado externo em meio à crescente especulação de que a crise de dívida na Europa está arrefecendo. As empresas brasileiras querem aproveitar a demanda por ativos de maior rendimento emitindo quantias adicionais de papéis que já têm prospecto e classificação de risco, o que reduz o tempo necessário para promover os títulos entre os investidores, disse Robert Stoll, analista da Fitch Ratings.

“É mais rápido e mais fácil trabalhar com documentos existentes”, disse Stoll em entrevista por telefone de Nova York. “Um dos motivos da maior facilidade é que a agência de classificação de risco não precisa de tempo adicional, de verificações adicionais, para garantir todos os termos e condições porque se refere a algo que já vimos antes. Agora há uma certa janela de oportunidade quando os mercados estão calmos.”

Brasileiras captam US$ 12,3 bi

Captadores de países em desenvolvimento emitiram US$ 59,4 bilhões em dívida denominada em dólar no mês passado, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. As empresas brasileiras venderam US$ 12,3 bilhões este ano, comparado a US$ 10,5 bilhões no mesmo período do ano passado.

A Votorantim Cimentos SA, unidade do grupo Votorantim, vendeu ontem mais US$ 500 milhões de títulos em dólar com vencimento em 2041 e cupom de 7,3 por cento. É a mais recente operação de reabertura por uma empresa brasileira. A dívida do governo brasileiro de prazo similar paga 4,64 por cento.

A Votorantim Cimentos negou-se a fazer comentários.


As companhias brasileiras também estão reabrindo títulos existentes para reforçar a liquidez dos papéis no mercado secundário, disse Douglas Chen, chefe de distribuição de renda fixa internacional do Itaú Unibanco Holding SA.

Mais liquidez

“A reabertura dá um pouco mais de liquidez aos bônus existentes”, disse Chen em entrevista por telefone de Nova York. “Ao fazer uma nova emissão, você se compromete em vender uma operação de tamanho benchmark”.

A captação benchmark é composta, normalmente, por pelo menos US$ 500 milhões.

O Itaú, maior banco da América Latina em valor de mercado, fez em 17 de janeiro uma venda adicional de US$ 500 milhões dos bônus com vencimento em 2021 a um cupom de 6 por cento, elevando o total dos papéis em circulação para US$ 1,5 bilhão. O rendimento dos títulos caiu 14 pontos-base para 5,86 por cento, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

O Itaú não retornou o telefonema e e-mail pedindo comentários para esta reportagem.

Vinicius Pasquarelli, operador de dívida de mercados emergentes da Tradition Asiel Securities, disse que as empresas que tentam garantir que seus bônus sejam comparados com os principais títulos do Tesouro americano são obrigadas a vender novos títulos. Apesar de a Petrobras ter reaberto os papéis com prazo de 10 e 30 anos esta semana, a estatal também vendeu títulos com vencimento em 2015 e 2017 para ter um alinhamento melhor com a dívida do governo americano, disse ele.

Petrobras altera curva

“O que a Petrobras fez foi alterar sua curva no mercado”, disse Pasquarelli em comentários enviados por e-mail.

A Petrobras vendeu em 1 de fevereiro mais US$ 2,75 bilhões dos títulos com vencimento em 2021 para render 295 pontos-base acima dos treasuries e mais US$ 1,25 bilhão do papel com prazo até 2041 a uma diferença de 295 pontos-base. A estatal também emitiu US$ 1,25 bilhão de bônus com prazo de três anos para render 275 pontos-base a mais do que os papéis do governo americano e US$ 1,75 bilhão em bônus de cinco anos a uma diferença de 290 pontos-base.

A Petrobras negou-se a fazer comentários.

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