Redação Exame
Publicado em 14 de abril de 2025 às 08h00.
O investidor bilionário Ray Dalio afirmou neste domingo, 13, que os Estados Unidos estão à beira de enfrentar uma crise mais severa do que uma recessão econômica tradicional. O alerta foi feito durante participação no programa Meet the Press, da NBC.
Dalio, fundador da Bridgewater Associates, expressou preocupação com os impactos das políticas tarifárias de Donald Trump, que recentemente elevou tarifas de importação sobre produtos chineses para 145%. Segundo o investidor, a medida pode agravar a desaceleração econômica e levar a "algo muito mais profundo" do que dois trimestres consecutivos de queda no Produto Interno Bruto (PIB).
O bilionário destacou que a questão ultrapassa os ciclos habituais de crescimento e retração. Para ele, o principal risco está na quebra da atual ordem monetária, pressionada por gastos excessivos e aumento da dívida pública. "Estamos mudando a ordem monetária porque não podemos continuar gastando nessas proporções", disse.
Dalio comparou o momento atual com o período da década de 1930, citando elementos como aumento de tarifas, expansão do endividamento e competição entre potências globais. "Esses fatores, combinados, geram mudanças de ordem sistêmica que são extremamente disruptivas", afirmou.
Além do comércio internacional, Ray Dalio ressaltou o desafio fiscal interno. Segundo ele, a redução do déficit orçamentário para 3% do PIB é essencial para evitar um colapso maior. Atualmente, as projeções indicam que o déficit pode chegar a 7% caso não haja mudanças estruturais.
O investidor propôs que parlamentares assumam o que chamou de “compromisso de 3%”, defendendo uma gestão fiscal mais rigorosa para equilibrar oferta e demanda por dívida pública. "Sem isso, enfrentaremos uma crise que será pior do que uma recessão comum", alertou.
Questionado sobre os efeitos das tarifas impostas pelo governo Trump, Dalio reconheceu que existe um objetivo válido de fortalecer a indústria e o emprego doméstico. No entanto, ponderou que o sucesso dependerá de como as medidas forem implementadas: “Pode ser feito de forma prática e estável, ou de maneira caótica e disruptiva — o que faz toda a diferença”.