John Elkann lidera a Stellantis em um momento de transição e busca reposicionar marcas icônicas no mercado global. (Stellantis/Divulgação)
Redator na Exame
Publicado em 9 de dezembro de 2024 às 12h30.
Última atualização em 9 de dezembro de 2024 às 13h18.
John Elkann, de 48 anos, não é apenas o herdeiro de um império, mas o arquiteto de sua transformação. Assumindo o comando da Stellantis após a renúncia de Carlos Tavares, Elkann traz consigo o legado e a responsabilidade de modernizar uma empresa que administra marcas lendárias como Jeep, Ram e Chrysler. Essa é a primeira vez que Elkann gerencia diretamente as operações diárias de um gigante automotivo, marcando um novo capítulo em sua carreira e na história da Stellantis.
Nascido em Nova York em 1976, Elkann cresceu em um ambiente multicultural, vivendo em países como Brasil, França e Itália. Com fluência em várias línguas e formação em engenharia em Turim, sua juventude foi marcada pela vontade de assumir responsabilidades, especialmente após o divórcio de seus pais. Essa característica chamou a atenção de seu avô, Gianni Agnelli, que o escolheu como sucessor no comando dos negócios da família.
Aos 21 anos, Elkann já ocupava um assento no conselho da Fiat, enfrentando crises financeiras que ameaçavam a sobrevivência da empresa. Sua habilidade em negociar com bancos e injetar capital da família foram fundamentais para resgatar a Fiat. Décadas depois, ele liderou a fusão da Fiat com a Chrysler e, em 2021, a formação da Stellantis por meio da união com a francesa Peugeot SA, demonstrando uma visão pragmática e distante do apego emocional que seu avô tinha pela marca.
Ao aceitar a renúncia de Carlos Tavares, Elkann enfrenta um cenário desafiador, segundo reportagem da Fortune. A Stellantis precisa superar a insatisfação dos concessionários nos Estados Unidos e reposicionar marcas tradicionais em um mercado altamente competitivo e em transformação. Sua capacidade de adaptação já foi comprovada anteriormente, como em 2019, quando desistiu de uma fusão com a Renault em poucas horas diante de dificuldades nas negociações.
Elkann também busca inovação e modernização, aspectos que marcaram sua atuação em outros negócios da família, como a Ferrari, onde ocupa a presidência do conselho, e o clube de futebol Juventus. Recentemente, ele ampliou os investimentos no setor de saúde, adquirindo 15% da Philips, e demonstrou interesse no ecossistema de startups ao convidar o CEO da OpenAI, Sam Altman, para o Italian Tech Week.
Diferentemente de outros membros de sua família, conhecidos por estilos de vida extravagantes, Elkann mantém um perfil discreto e focado. Jennifer Clark, autora de um livro sobre a dinastia Agnelli, descreve Elkann como um empresário pragmático e determinado a garantir que o legado da família seja sustentável para as próximas gerações.
Clark observa que Elkann não apenas gerencia os ativos da família, mas também se reinventa para manter a relevância em setores como tecnologia, saúde e entretenimento. Ele acredita na importância de renovar conceitos e estratégias para enfrentar desafios modernos.O futuro da Stellantis sob a liderança de Elkann ainda está em construção. Com uma abordagem que combina tradição e inovação, ele procura não apenas um novo CEO para a empresa, mas alguém que compartilhe sua visão de reinvenção e capacidade de enfrentar desafios com criatividade.
Ao refletir sobre o impacto de sua liderança, Elkann reafirma a importância de preparar a próxima geração, seja na família, seja nos negócios. "Para durar, é preciso se renovar constantemente", disse ele recentemente, destacando seu compromisso com a transformação contínua.