Após encerrar 2011 com uma queda de 18,11%, Ibovespa termina este ano com avanço de 7,4% (Stock.xchng)
Da Redação
Publicado em 28 de dezembro de 2012 às 17h10.
São Paulo – Ponto final. O ano 2012 terminou nesta sexta-feira para o Ibovespa. O principal índice da bolsa brasileira encerra o período com uma valorização de 7,4%, aos 60.952 pontos.
Durante o ano, investidores ponderaram muito sobre questões que provocaram forte volatilidade ao índice, num cenário com crescimento doméstico fraco, queda na taxa básica de juros, risco de inflação elevada, real desvalorizado e queda nas exportações.
Os impactos vindos de fora também chacoalharam o Ibovespa em 2012. As altas taxas de desemprego nas grandes economias, o quebra-cabeça da política fiscal dos Estados Unidos, a insistente crise na Europa e o pé no freio da possante economia chinesa foram alguns dos fatores que deixaram os investidores bastante receosos.
Disparou
A Hypermarcas (HYPE3) foi do inferno ao céu no último ano. A empresa terminou 2011 com uma desvalorização de 62,1%, a quarta maior queda entre os papéis do Ibovespa. Neste ano, a história foi bem diferente. Com uma expressiva valorização de 95%, a companhia fecha o período com a maior alta dentre os papéis que compõem o índice.
Toda esta recuperação veio após a empresa mudar sua estratégia de negócios, passando a se concentrar em produtos farmacêuticos e cosméticos. A demanda por ações da Hypermarcas aumentou diante da venda de 445 milhões de reais em ativos de limpeza e alimentos. A reestruturação baseou-se no comportamento de consumo das famílias brasileiras, que segundo dados da empresa de pesquisas Euromonitor International, gastaram 43 bilhões de dólares em produtos para cuidados pessoais e de beleza em 2011, o que faz do Brasil o terceiro maior mercado do mundo nesse setor.
Após prejuízo de quase 30 milhões de reais no segundo trimestre de 2012, a Hypermarcas apresentou lucro de 64,8 milhões de reais no terceiro trimestre. Em 2011, o prejuízo foi de 190,5 milhões de reais. Como esperado, foram os segmentos de farmácia e beleza que puxaram os resultados para cima. A receita líquida da divisão farma cresceu 39,4% para 530,6 milhões de reais.
Agora, a Hypermarcas pretende reduzir em 43% até o final do próximo ano o número de marcas da divisão de consumo da companhia em relação as 60 que tinha até o fim do ano passado. A empresa pretende encerrar 2013 com 34 marcas, segundo Nicolas Fischer, presidência da unidade de consumo da empresa.
Despencou
2012 foi um ano penoso à empresa de petróleo de Eike Batista. A OGX (OGXP3) termina o ano amargando o posto de maior desvalorização do Ibovespa, com uma queda de 68%.
Boa parte do pesadelo da OGX começou no dia 26 de junho, quando a empresa informou que a vazão no Campo de Tubarão Azul, na Bacia de Campos, havia sido calculada em 5 mil barris de óleo por dia, abaixo da estimativa da própria empresa, que ficava entre 15 mil e 20 mil barris por dia. Com o resultado dos pregões seguintes, o papel terminou como a maior queda do primeiro semestre, perdendo 56,6% no período.
A petroleira se defendeu e disse que o mercado estava errado em sua avaliação porque teria extrapolado a estimativa de vazão de Tubarão Azul para os demais poços. “O equívoco dessa extrapolação reside no fato de que (...) a vazão divulgada não considera o faturamento químico hidráulico e a injeção de água no reservatório, técnicas largamente utilizadas na indústria do petróleo para aumentar a produtividade e que a companhia pretende utilizar no campo de Tubarão Azul”, disse a empresa, na ocasião. Palavras que o mercado simplesmente ignorou e continuou punindo a empresa nos pregões seguintes.
Mais tarde, Eike tentou assumir as rédeas da desenfreada queda da empresa na bolsa. A cartada de 1 bilhão de dólares do bilionário surpreendeu o mercado e foi vista como uma demonstração de confiança do controlador em sua empresa de petróleo.
Segundo analistas, o anúncio reduziu o risco das ações, mas o mercado continuou a torcer o nariz. Em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Eike informou que a empresa terá o direito de exigir que ela subscreva novas ações ordinárias ao preço de exercício de 6,30 reais cada até 30 de abril de 2014.
Com o movimento, o empresário sinalizava que estava disposto a pagar até 40% a mais por cada ação, caso a empresa necessitasse de caixa. A manobra de Eike pôde até resgatar parte da confiança de alguns investidores, mas não evitou a derrocada dos papéis da OGX na bolsa.