Nos últimos dias, circularam rumores de que a estatal estaria preparando uma nova operação de captação que poderia ser em euro ou reais (SXC.hu)
Da Redação
Publicado em 20 de outubro de 2011 às 12h45.
Rio de Janeiro - O segundo corte consecutivo de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros (Selic) fortalece o olhar da Petrobras sobre a possibilidade de captações de recursos em reais no mercado brasileiro, avaliou o diretor financeiro da estatal, Almir Barbassa.
"É claro que ajuda. Quanto menor os juros aqui, o mercado se torna mais atrativo", disse ele a jornalistas nesta quinta-feira.
Segundo Barbassa, o mercado brasileiro é atrativo, mas não tem profundidade e volumes suficientes para atender toda a demanda de recursos da Petrobras.
"Você vê que as nossas operações são grandes. Os fundos aqui no Brasil vão longe e compram títulos de longo prazo também, mas não é uma operação que eu faça em dólar, seis bilhões (com facilidade). Isso não dá para fazer", afirmou o diretor.
Ele estima que o mercado brasileiro tem hoje capacidade para suportar uma operação de 1 bilhão de reais.
"Desse tamanho e desse nível, dá pra fazer. O mercado brasileiro está desenvolvido e vai chegar a um custo parecido com outros mercados", afirmou ele, ao ressaltar que as operações de captação da Petrobras normalmente superam o prazo de cinco anos para amortização.
Nos últimos dias, circularam rumores de que a estatal estaria preparando uma nova operação de captação que poderia ser em euro ou reais.
O diretor da Petrobras garantiu que não há nenhuma operação sendo desenhada para o curtíssimo prazo e que não há "shortlist" de bancos contratados para a operação.
"Estamos no estágio que sempre estivemos. O estágio é o de sempre estar acompanhando o mercado, temos uma meta de captação e vamos executá-la. O momento vai ser aquele que a gente julgar bom", declarou.
"Não temos nenhum compromisso (de curto prazo). Nada disso ('shortlist')", acrescentou ele.
Segundo o executivo, o plano de investimentos da Petrobras de 224,7 bilhões de dólares prevê, para sua viabilização, uma captação anual até 2015 de 7 a 12 bilhões de dólares em dinheiro novo.
Impacto cambial
Ao comentar o impacto do câmbio no balanço da companhia, Barbassa disse que essa questão tem que ser considerada no longo prazo, já que dependendo do momento a estatal pode ser beneficiada ou prejudicada.
"O balanço sofre um efeito positivo e negativo. Nós tivemos um efeito positivo no câmbio de 2,8 bilhões de reais no último trimestre, hoje tem que olhar o câmbio. Esse é um impacto que vem e vai. Como a dívida tem sete anos de prazo, só lá na frente que de fato eu vou ter o impacto de caixa", explicou.
Barbassa lembrou que a Petrobras tem "mais dívida lá fora do que ativos", e que 70 por cento do total do passivo é denominado em dólar.