Mercados

Queda de commodities reduz alta de títulos atrelados à inflação

O movimento reflete o aumento menor de preços com o desaquecimento da economia

Além da perspectiva de redução inflacionária, a queda nos preços das commodities também ajuda a conter o aumento do custo de vida (EXAME.com)

Além da perspectiva de redução inflacionária, a queda nos preços das commodities também ajuda a conter o aumento do custo de vida (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 20 de junho de 2011 às 11h33.

Nova York - Os títulos públicos atrelados à inflação estão com a maior desvantagem em relação aos papéis prefixados em dois anos. O movimento reflete o aumento menor de preços com o desaquecimento da economia.

A valorização de 0,7 por cento nos últimos 30 dias das Notas do Tesouro Nacional série B com vencimento em menos de cinco anos se compara a uma alta de 1,2 por cento para as Notas do Tesouro Nacional série F, a maior diferença desde agosto de 2009, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais, Anbima.

O Fundo Monetário Internacional reduziu na semana passada a estimativa para o crescimento econômico brasileiro, reforçando especulações de que a inflação anual vai se desacelerar dos atuais 6,55 por cento, o maior nível em seis anos. A queda nos preços das commodities também ajuda a conter o aumento do custo de vida, após o salto nas cotações de matérias-primas como petróleo e soja este ano ter elevado a inflação também em outros países em desenvolvimento, incluindo Índia e Rússia.

“Houve alguma desaceleração do crescimento no Brasil”, disse Pablo Cisilino, que ajuda a administrar US$ 26 bilhões em dívida de mercados emergentes na Stone Harbor Investment Partners em Nova York, incluindo bônus prefixados brasileiros,
em entrevista por telefone. “Os preços de commodities estão mais estáveis ou em patamares menores, particularmente os de energia, e isso muda a perspectiva para inflação também.”

A taxa implícita de inflação -- medida pela diferença de rendimentos de NTN-B e NTN-F com prazo de dois anos -- encolheu para 556 pontos-base, ou 5,56 pontos percentuais, em 13 de junho, a menor em mais de nove meses, segundo dados compilados pela Bloomberg. No México, a taxa implícita de inflação refletida na diferença de rendimentos de papéis atrelados à inflação e prefixados com vencimento em dezembro de 2013 subiu 37 pontos- base no último mês para 4,01 pontos percentuais.

‘Benignos’

O rendimento das NTN-F, que são prefixadas, com vencimento em janeiro de 2013 caiu 30 pontos-base nos últimos três meses para 12,58 por cento. Já as NTN-B, indexadas à inflação, com vencimento em maio de 2013 desabaram, levando à alta de 31 pontos-base no rendimento para 6,85 por cento.


O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo avançou 0,47 por cento em maio, após um salto de 0,77 por cento em abril. Já o Índice Geral de Preços-10 da Fundação Getúlio Vargas, que inclui preços do atacado e da construção civil, ficou negativo em junho pela primeira vez desde dezembro de 2009.

“O fato de os números de inflação terem sido benignos, com tendência a continuarem benignos nos próximos dois meses, é favorável ao papel prefixado”, disse Edwin Gutierrez, gestor de carteira que ajuda a supervisionar cerca de US$ 6 bilhões em dívida de mercados emergentes na Aberdeen Asset Management Plc em Londres, em entrevista por telefone. “Esperamos que essa tendência continue” por mais alguns meses, disse ele.

Perspectiva de crescimento

O Comitê de Política Monetária do Banco Central, liderado pelo presidente Alexandre Tombini, subiu a taxa básica de juros em 150 pontos-base este ano para 12,25 por cento para desacelerar o crescimento e reduzir a inflação. O BC tenta trazer a inflação de volta ao centro da meta de 4,5 por cento até o fim do ano que vem.

O FMI baixou sua projeção para a expansão da economia brasileira em 2011 para 4,1 por cento, contra uma estimativa anterior de 4,5 por cento em abril. A economia vai crescer 4 por cento este ano, de acordo uma pesquisa da Bloomberg com 19 analistas. O Produto Interno Bruto aumentou 7,5 por cento no ano passado, a maior taxa em mais de duas décadas.

O preço das matérias-primas caiu 4,4 por cento nos últimos dois meses, diminuindo a valorização ao longo do último ano para 34 por cento, segundo um índice UBS Bloomberg. O petróleo baixou 19 por cento em relação à maior cotação em 31 meses, atingida em 29 de abril.

A demanda por títulos brasileiros atrelados à inflação pode subir se a aceleração do crescimento econômico nos Estados Unidos deflagrar a recuperação dos preços das commodities, disse Dirk Willer, estrategista-chefe de mercados locais da América Latina do Citigroup Inc. em Nova York.

“Digamos que as pessoas voltem a ficar satisfeitas com a perspectiva de crescimento dos EUA, satisfeitas com o fato de a China não terá um aterrisagem brusca e pensem que a Grécia vai sair dessa. Então as commodities estão prontas para um salto”, disse Willer em entrevista por telefone. “Então, sim, as pessoas vão voltar com pressa” para os títulos atrelados à inflação, disse ele.

Acompanhe tudo sobre:CommoditiesMercado financeiroTesouro NacionalTítulos públicos

Mais de Mercados

Casas Bahia reduz prejuízo e eleva margens, mas vendas seguem fracas; CEO está confiante na retomada

Tencent aumenta lucro em 47% no 3º trimestre com forte desempenho em jogos e publicidade

Ações da Americanas dobram de preço após lucro extraordinário com a reestruturação da dívida

Na casa do Mickey Mouse, streaming salva o dia e impulsiona ações da Disney