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Queda das ações da Natura (NTCO3) é oportunidade de compra? Não para o JP Morgan

Banco rebaixou recomendação para neutro mesmo após o crash de 30% das ações e cortou preço-alvo pela metade, de R$ 21 para R$ 11 por ação

Natura: Ações abriram em forte baixa, mas reduziram as quedas nesta segunda-feira, 17 (Leandro Fonseca/Exame)

Natura: Ações abriram em forte baixa, mas reduziram as quedas nesta segunda-feira, 17 (Leandro Fonseca/Exame)

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 17 de março de 2025 às 11h33.

O JP Morgan rebaixou sua recomendação para as ações da Natura de ‘compra’ para ‘neutro’, mesmo depois da queda histórica de 30% dos papéis no pregão da sexta-feira, 14.

Denotando o tamanho da frustração da expectativa do mercado com os resultados do quarto trimestre, o banco cortou seu preço-alvo pela metade, de R$ 21 para R$ 11 por ação.

Hoje, os papéis da Natura abriram em forte baixa, de mais de 5%, com volume relevante, mas reduziram a queda para algo mais próximo de 1% por volta das 11h15, cotados a R$ 9,40, mesmo com a notícia de um programa de recompra de até 6,4% dos papéis em circulação pela companhia.

O EBITDA apresentado pela Natura ficou 30% abaixo das projeções JP Morgan, por conta principalmente da margem bruta, que ficou bem mais pressionada do que o mercado esperava, além de despesas ainda elevadas com os chamados “custos de transformação”, que envolvem iniciativas para integrar as operações de Natura e Avon.

Mais do que a frustração de curto prazo, contudo, a equipe liderada por Joseph Giordano sinaliza que o mercado perdeu a confiança na capacidade de execução da direção da Natura.

“Reconhecemos que turnarounds e integrações são inerentemente não-lineares e com bagunçados, levando a volatilidade de lucros. Mas as tendências para o core das operações de Latam estava positivas, com indicações de melhora contínua”, disseram os analistas.

Expectativa versus realidade

Numa análise de retrovisor, a equipe aponta que deveria ter distinguido entre “a confiança sinalizada pela gestão” e “a execução dentro do core business, que justificou uma recomendação de venda pelo banco por pelo menos uma década até 2022.”

A expectativa, tanto do JP Morgan, como do mercado, era de que a operação na América Latina se tornasse um ‘cash cow’, com distribuição polpuda de dividendos, à medida em que a integração das operações fosse avançando.

Ainda que a tese não esteja totalmente descartada, o histórico recente não deixa claro quando ela deve ocorrer, pondera o banco.
Eles destacam ainda que os efeitos “não-recorrentes” de despesas com integração estão se tornando cada vez mais recorrentes, pesando sobre o lucro por ação.

“Houve problemas semelhantes em 2023 e 2024, e a direção já sinalizou que essas despesas devem continuar elevados em 2025 também”, ressalta Giordano.

O JP Morgan reduziu sua previsão para o lucro da Natura neste ano e no próximo em 30%. Nesse cenário, considerando apenas a análise dos resultados por fluxo de caixa descontado, o valor por ação para o fim de 2025 seria de R$ 15 por ação.

“Mas, no contexto de baixa visibilidade de resultados, acreditamos que o valor por fluxo de caixa descontado deve ser deixado de lado pelos investidores, com o foco se voltando para o múltiplo de preço lucro ajustado”, disseram os analistas banco.

O preço de R$ 11 por ação embute um múltiplo de 12 vezes preço/lucro para o próximo ano, em linha a média de valuation das empresas de varejo latino-americanas para este ano.

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