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Qual a expectativa para o corte de juros nos EUA?

O Federal Reserve pode estar prestes a reduzir a taxa de juros em sua próxima reunião, marcada para os dias 17 e 18 de dezembro

Sede do Federal Reserve, em Washington, onde será decidida a nova trajetória da taxa de juros. ((Photo by Mandel NGAN / AFP))

Sede do Federal Reserve, em Washington, onde será decidida a nova trajetória da taxa de juros. ((Photo by Mandel NGAN / AFP))

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 12 de dezembro de 2024 às 08h00.

O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, está prestes a reduzir a taxa de juros em sua próxima reunião, marcada para os dias 17 e 18 de dezembro, com base nos mais recentes dados de inflação. Contudo, os sinais de persistência inflacionária podem levar os formuladores de política monetária a reconsiderar o ritmo dos cortes previstos para 2025, segundo a Bloomberg.

Os investidores esperam amplamente que o Fed reduza a taxa básica em 0,25 ponto percentual, diminuindo o intervalo da taxa de juros para 4,25% a 4,5%. Este seria o terceiro corte consecutivo desde setembro, quando a taxa estava em 5,25% a 5,5%. Apesar disso, a inflação ainda apresenta desafios. Os dados divulgados pelo Departamento de Estatísticas Laborais dos EUA indicaram que a inflação subjacente, que exclui alimentos e energia, aumentou 0,3% em novembro, mantendo o mesmo ritmo dos quatro meses anteriores, com um aumento anual de 3,3%.

Esses números mostram que o progresso em direção à meta de inflação de 2% do Fed tem sido mais lento do que o esperado, levantando preocupações sobre a resiliência da inflação. Por outro lado, o mercado de trabalho norte-americano permanece robusto, o que reduz a necessidade de cortes acelerados.

Cortes em 2025 podem ser revisados

Na reunião de dezembro, o Fed também atualizará suas projeções econômicas e a trajetória esperada para as taxas de juros nos próximos anos. Em setembro, o comitê previa quatro cortes em 2025, mas muitos analistas acreditam que esse número pode ser reduzido para três ou menos, refletindo a preocupação com a persistência inflacionária.

Os últimos números da inflação de novembro trouxeram avanços mistos. Custos de habitação, que têm sido uma fonte persistente de inflação, finalmente desaceleraram. No entanto, os preços de bens excluindo alimentos e energia subiram 0,3%, o maior aumento desde maio de 2023, destacando pressões inflacionárias em alguns setores.

Esses dados reforçaram a expectativa de um corte em dezembro, com a probabilidade dessa redução subindo para 90%, segundo o mercado futuro de fundos do Fed. Essa possibilidade já era vista como provável após dados mistos sobre o mercado de trabalho em novembro, que indicaram uma economia resiliente, mas não superaquecida.

Apesar do otimismo do mercado com um corte iminente, especialistas alertam que a inflação ainda pode complicar o cenário para 2025.

Desafios para encontrar a taxa neutra

A discussão sobre a chamada taxa neutra — o nível de juros que não desacelera nem estimula a economia — também voltou à tona. Se a taxa neutra estiver mais alta do que anteriormente estimado, isso indica que as taxas de juros atuais podem não estar freando a economia tanto quanto esperado. Isso adiciona mais complexidade ao equilíbrio que o Fed tenta alcançar entre não prejudicar o mercado de trabalho e evitar um corte prematuro que reaqueça a inflação.

Jerome Powell, presidente do Fed, destacou recentemente a necessidade de cautela ao ajustar as taxas. Ele enfatizou a importância de encontrar um ponto de equilíbrio sem criar novos desequilíbrios econômicos.

A perspectiva de um corte em dezembro reflete a confiança de que o Fed está no caminho certo para conter a inflação sem sufocar o crescimento econômico. No entanto, o ritmo e a magnitude dos cortes futuros dependerão de dados econômicos consistentes que apontem para uma desinflação sustentável.

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