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Da Redação
Publicado em 19 de junho de 2011 às 11h33.
São Paulo – “O próximo grande movimento na bolsa brasileira será negativo”. Nesta semana o economista e presidente da Ricam Consultoria, Ricardo Amorim, falou para EXAME.com e as aspas acima resumem algumas de suas impressões sobre o curto prazo da BM&FBovespa. Sem força em 2011, o Ibovespa registra uma queda de 12% e, se depender das projeções de Amorim, a desvalorização pode se manter ou até mesmo se intensificar.
“A única coisa que mudou em relação ao início do ano é que o risco de fortes quedas do Ibovespa diminuiu, já que a bolsa está aproximadamente 12% mais barata”, explica Amorim. O termo “bolsa barata” poderia significar um sinal de temporada de caça às barganhas, mas Ricardo Amorim ainda não considera esta uma estratégia apropriada no atual cenário.
“Ainda não é a hora de voltar a comprar papéis de forma agressiva; o momento sugere muita cautela. Movimentos de bolsa próximos dos 70 mil pontos como vimos neste ano são ótimas oportunidade para o investidor reduzir sua exposição”, avisa Amorim.
Recentes números mostram que os investidores estrangeiros estão realmente mais cautelosos. O saldo de capital externo na bolsa em junho, até o dia 14, está negativo em 769,7 milhões de reais. A cifra é resultado de compras de 18,5 bilhões de reais e vendas de 19,3 bilhões de reais no período. No ano, as retiradas superam as entradas de capital externo na Bolsa em 1,5 bilhão de reais.
Diversos motivos fazem com que no Ibovespa não ganhe impulso em 2011 e um deles ganham destaque na avaliação de Amorim: a taxa básica de juros (Selic), que atualmente atrai a atenção de investidores com seus 12,25% ao ano.
Além disso, a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) mostra que o cenário de juros descolados do resto da maioria dos países está longe de seu fim. O Copom entende que o aumento da taxa básica de juros por um período suficientemente prolongado continua sendo a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta em 2012.
“Neste ciclo de aperto monetário, a Selic ainda pode ser acrescida de até 1 ponto percentual. O que atrapalharia ainda mais a bolsa brasileira”, projeta Amorim. De acordo com o último boletim Focus, na avaliação dos analistas, a taxa Selic deve encerrar 2011 em 12,50% e no próximo ano em 12,25% ao ano. Portanto, neste ano, os analistas esperam por mais uma elevação da taxa de 0,25 ponto percentual. A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 19 e 20 de julho.
As perspectivas ao Ibovespa dividem opiniões. Recentemente, Will Landers, gestor para a América Latina da BlackRock, a maior administradora de recursos do mundo, afirmou recentemente em entrevista para EXAME.com que os fundamentos da economia brasileira ainda estão sólidos e devem sustentar o caminho do Ibovespa até o patamar dos 85 mil pontos até o final do ano.
“Os últimos cinco meses não têm sido o que esperávamos, mas o que está por trás dos fundamentos não se deteriorou. Estamos em um ponto de compra interessante”, disse ele. Mesmo considerando este patamar bastante remoto para a realidade de 2011, Ricardo Amorim não desconsidera esta possibilidade, mesmo por que os 85 mil pontos estão no caminho que leva à projeção de dele ao Ibovespa quanto o assunto é longo prazo: os 200 mil pontos.