Trump x Biden: resultado final pode ser conhecido somente alguns dias depois da eleição, e incerteza assusta os investidores (Al Drago/Reuters)
Denyse Godoy
Publicado em 31 de outubro de 2020 às 09h28.
Última atualização em 31 de outubro de 2020 às 09h28.
Jim Cramer começou a investir em ações durante a sua segunda graduação, em direito, na Universidade Harvard – e pagou o curso com o que ganhou na bolsa de valores. Trabalhou como trader no banco de investimentos americano Goldman Sachs e depois fundou seu próprio fundo de hedge, onde fez fortuna. Atualmente, apresenta o programa de investimentos Mad Money na rede CNBC. São quase 40 anos de carreira no mercado financeiro – e a próxima semana deve se apresentar, para Cramer, como uma das mais confusas que já viveu.
Na terça-feira, 3, os Estados Unidos escolhem seu líder para os próximos quatro anos. As pesquisas de intenção de voto apontam que o democrata Joe Biden deve vencer o atual presidente, o republicano Donald Trump. Mas há muito espaço para turbulências até que o resultado final do pleito seja conhecido e sacramentado.
"Estou esperando uma grande confusão. Vai ser uma semana confusa, na verdade uma das semanas mais confusas da minha carreira", disse Cramer em seu programa ontem, segundo o site da CNBC. "A não ser que o resultado seja um massacre, podemos não saber quem ganhou por dias. E Wall Street detesta esse tipo de incerteza."
Como explica o jornalista Sérgio Teixeira Jr. no novo episódio do podcast EXAME Política — Temporada Eleições Americanas, um dos fatores que tornam a eleição americana tão caótica é a autonomia total dada aos estados para decidir dos horários de votação às regras de apuração, já que não existe uma autoridade eleitoral nacional.
Estão sendo submetidos ao escrutínio popular dois programas e estilos de governo completamente diferentes. Nos últimos quatro anos, Trump chacoalhou o comércio internacional ao comprar briga com a China e tem minimizado os efeitos da pandemia do novo coronavírus no país, que agora experimenta uma segunda onda da covid-19 com 100 mil casos e mil mortes por dia. Biden se compromete a restaurar os laços dos EUA com outras nações e a guiar as ações de combate ao coronavírus pela ciência. No entanto, deve aumentar impostos para os mais ricos, o que desagrada os investidores.
A tensão nas bolsas de todo o mundo diante da expectativa pelo caminho que a maior potência global vai tomar é nítida. Na sexta-feira, a de Nova York completou dois meses seguidos de queda. O Ibovespa, principal índice acionário da brasileira B3, recuou 2,7%, acumulando uma baixa de 7,2% na sua pior semana desde março. Para a bolsa brasileira, já são três meses seguidos de mau humor.
Apesar dessas quedas, Cramer afirmou que é muito tarde para vender os papeis da carteira agora. Até algumas oportunidades de compra surgiram no setor de tecnologia, nos EUA, com as ações do Facebook, da Apple e da Amazon, que sofreram bastante nos últimos dias. Se, na segunda, o mercado continuar em baixa, é um bom momento para começar a montar posição nessas empresas, disse o especialista. (A B3 vai estar fechada por causa do feriado nacional do Dia de Finados.)
O novo surto de covid-19 na Europa e a temporada de divulgação de resultados trimestrais também vêm deixando os investidores mais nervosos. Como esses motivos de preocupação não vão passar tão cedo, é bom seguir o alerta de Cramer e se preparar para o alvoroço dos próximos dias.