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Protestos dificultam esforço fiscal, diz Moody's

A agência disse que os protestos dificultam consolidação de esforço fiscal que a equipe econômica vem tentando colocar em prática


	Logo da Moody's: "descontentamento social e político é negativo para o crédito do Brasil", diz a agência
 (Emmanuel Dunand/AFP)

Logo da Moody's: "descontentamento social e político é negativo para o crédito do Brasil", diz a agência (Emmanuel Dunand/AFP)

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Da Redação

Publicado em 18 de março de 2015 às 22h03.

São Paulo - A agência de classificação de risco Moody's disse nesta quarta-feira que os protestos no Brasil dificultam a consolidação do esforço fiscal que a equipe econômica da presidente Dilma Rousseff vem tentando colocar em prática.

Apesar de considerar impeachment como "altamente improvável", a Moody's afirma que o "descontentamento social e político é negativo para o crédito do Brasil (Baa2, com perspectiva negativa), pois complica os esforços do governo para restaurar a confiança do investidor e alcançar consolidação fiscal, dois elementos que a Moody's considera críticos para melhorar a qualidade de crédito do Brasil".

A agência mostrou preocupação com o pouco apoio da população à presidente, afirmando que taxas baixíssimas de aprovação de um presidente em exercício podem minar seu posicionamento nas negociações com o Congresso Nacional, o que, no caso de Dilma, inclui pacotes econômicos com medidas importantes de consolidação fiscal.

No domingo passado, centenas de milhares de manifestantes tomaram as ruas do país para manifestar contra o governo de Dilma e a corrupção, em meio a um cenário de fraqueza econômica e inflação elevada e do maior escândalo de corrupção do país, que envolve a Petrobras, grandes empreiteiras e políticos. Um dia após os protestos, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, pediu que a população apoie o ajuste fiscal, dizendo que o reequilíbrio das contas públicas precisa ser rápido para evitar um cenário de downgrade da classificação do país, crise cambial e inflação baixa. Nesta quarta-feira, o ministro voltou a dizer que uma base fiscal sólida é necessária para o crescimento do país.

"A deterioração das condições macroeconômicas e crescente descontentamento social adicionam incerteza quanto às perspectivas de curto prazo para o país", disse a Moody's.

"No momento, os indicadores de confiança são significativamente mais baixos do que aqueles registrados no auge da crise financeira global (2008-09), reforçando o ciclo vicioso de mais de dois anos em que fraco desempenho econômico alimenta um forte sentimento negativo e vice-versa", ressaltou a agência.

Dentro deste cenário, a Moody's está prevendo agora que a economia brasileira irá contrair 1 por cento este ano, depois de ter ficado estagnada em 2014. De acordo com o instituto Datafolha, a avaliação ruim/péssima do governo da presidente Dilma Rousseff disparou para 62 por cento em março, de forma generalizada por renda e regiões geográficas, na maior rejeição a um presidente desde Fernando Collor de Mello às vésperas do impeachment em 1992.

O governo também está enfrentando dificuldades no Congresso com a sua base aliada, e recentemente viu uma medida provisória com redução de desonerações fiscais ser devolvida pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

*Atualizada às 22h02 do dia 18/03/2015

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